A goleada sobre o Juventude, na última segunda (29), pode ter significado um divisor de águas na trajetória de Johnny no Beira-Rio. Aos 20 anos, o destaque da base do Inter, que já defendeu a seleção dos Estados Unidos, completou o terceiro jogo seguido como titular.
Ele marcou dois gols que consolidaram a sua melhor atuação desde que subiu para o elenco profissional. Às vésperas do confronto decisivo com o Corinthians na briga por vaga no G-4, Johnny é figura certa entre os 11 preferidos de Mano Menezes.
A ascensão de Johnny veio após a inesperada queda na Sul-Americana para o Melgar. Sob alegação por parte do departamento médico de edema no joelho esquerdo, Edenilson ficou de fora do compromisso seguinte pelo Campeonato Brasileiro contra o Fluminense.
Diante do time de Fernando Diniz, o dono da maior média de posse de bola do Brasileirão e que tem seu estilo de jogo baseado no toque de bola, Mano apostou em formação com um tripé de volantes no meio-campo. Johnny se juntou a Gabriel e De Pena em um time que jogou no sistema tático 4-1-4-1 com Mauricio e Wanderson como homens abertos.
A estratégia de Mano consistiu em pressionar no campo de ataque com muitos homens próximos do setor da bola. Foi em ação de Johnny a partir dessa ideia que iniciou a jogada do gol de Fabricio Bustos que abriu o caminho para a goleada de 3 a 0 que quebrou uma sequência de 13 partidas de invencibilidade dos cariocas.
A boa atuação levou o técnico colorado a manter a formação para enfrentar o Avaí — a única troca foi Keiller pelo suspenso Daniel no gol —, mas com mudança do sistema tático. Voltou o 4-2-3-1 com Johnny fazendo uma nova função, a de ser o jogador com obrigação de fechar o lado direito sem a bola ganhando ações de meia na fase ofensiva.
A atuação na Ressacada deixou a desejar e o Inter só conseguiu a vitória nos acréscimos, quando Mano Menezes já havia trocado todo o setor ofensivo, o que gerou dúvidas sobre a escalação para enfrentar o Juventude. Mesmo dentro do Beira-Rio e com a necessidade de propor jogo, o treinador colorado bancou a titularidade não apenas de Johnny, mas também de Mauricio deixando Edenilson e Alan Patrick novamente no banco.
Com o Inter dono das ações e com postura ofensiva desde o início do jogo, Johnny apareceu como finalizador da equipe. Foi ele quem abriu o placar após escanteio batido por Carlos de Pena no primeiro tempo e, no segundo tempo, anotou um gol típico de um meio-campista infiltrador, aparecendo como surpresa na área para aproveitar o cruzamento de Wanderson. Foi a primeira vez que Johnny anotou dois gols em uma mesma partida como profissional.
Essa faceta de fazedor de gols é uma característica importante para Johnny agora que tem feito a função que vinha sendo de Edenilson. O camisa 8 é o artilheiro do Inter na temporada, nove gols — três de pênalti e seis com bolas rolando. No Brasileirão, Edenilson balançou as redes cinco vezes, mas três delas cobrando pênaltis. Johnny anotou três gols no Brasileirão, todos eles com bola rolando.
Ex-volante e multicampeão pelo Inter nos anos 1970, Batista afirma que os gols podem ser decisivos para Johnny ganhar confiança que faltou nos momentos que atuou como titular.
— Tudo depende do entorno. O jogador recebe as oportunidades, mas para demonstrar capacidade depende também dos companheiros. O desempenho cresce com o time bem porque futebol é coletivo. Eu vejo muitos jogadores tendo dificuldade quando sobem porque encontram um time com problemas. A partir do momento que o bom desempenho acontece você ganha confiança e a tendência é seguir — destaca.
Johnny fazer essa função mais adiantada a partir do jogo contra o Avaí. Em outras aparições no Brasileirão, quando atuava por ausência de alguns dos titulares ou quando Mano escalou equipes mistas, o garoto jogou apenas como volante. Contra o Fortaleza, por exemplo, chegou a ser deslocado para a zaga no segundo tempo depois da lesão de Kaique Rocha.
Ainda que o melhor momento tenha vindo adiantado, Batista observa que oferecer alternativas para o treinador é trunfo para Johnny seguir no time mesmo que Edenilson volte a ser titular.
— Eu sempre quis jogar e fazendo diferentes funções de ajuda, principalmente nesse começo. Claro que você precisa ter a características. Eu jogava como meia antes de virar o profissional. Depois, no Cruzeiro, comecei como lateral porque não tinha ninguém na função quando fui fazer o teste. Virei volante também porque o clube estava sem. Você tem que aproveitar a oportunidade se tiver a característica para fazer a função — completou.
Com a sequência de vitórias, Mano Menezes deverá repetir diante do Corinthians a escalação que goleou o Juventude. No entanto, com seis titulares pendurados — Johnny entre eles —, logo o treinador deverá ser obrigado a fazer mudanças e Johnny tem a seu favor o fato de não ficar limitado a apenas uma função.
No Brasileirão
Johnny
- 15 jogos (8 como titular)
- Minutos por partida: 53
- 3 gols
- 2 assistências
- Passes certos por jogo: 20.7 (87%)
- Passses no campo de ataque: 11.9 (82%)
- Desarmes por jogo: 1.7
- Interceptações por jogo: 1.4
Edenilson
- 20 jogos (17 como titular)
- Minutos por partida: 78
- 5 gols
- 3 assistências
- Passes certos por jogo: 35.5 (88%)
- Passes no campo de ataque: 21.6 (81%)
- Desarmes por jogo: 1.4
- Interceptações por jogo: 0.5
Fonte: Sofascore