Dito pelo próprio Mano Menezes: havia três objetivos para o Inter no confronto de ida com o Melgar pelas quartas de final da Copa Sul-Americana. Um era voltar vivo (ou seja, perder de pouco). O seguinte, em um melhor cenário, empatar e depender apenas de uma vitória em casa para avançar. O terceiro, o mundo ideal, ganhar no Peru.
O time gaúcho voltou de Arequipa com a missão "meio" cumprida. Mas dado o contexto, de pressão e empolgação de um adversário que havia vencido 15 de 16 partidas em casa, de 2,2 mil metros de altitude e de uma expulsão antes da metade do segundo tempo, o 0 a 0 pode ser comemorado. Na quinta-feira que vem, no Beira-Rio precisa ganhar no tempo normal para chegar à semifinal.
O resultado, sem dúvida, foi bom. Ainda mais na comparação com a fase anterior, quando o Inter havia perdido o jogo de ida para o Colo-Colo por 2 a 0. O empate aumenta as chances e mantém a empolgação da torcida atrás do bicampeonato da Sul-Americana. Mas a partida com os peruanos foi dura e o discurso colorado imediato foi de valorizar e respeitar o Melgar.
— Esperávamos um adversário com essa qualidade que o Melgar teve, olhamos os jogos anteriores e vimos. Por aqui, passaram adversários grandes, como o Racing, e sofreram. Jogamos contra um grande adversário, precisamos perder a mania brasileira de achar que todos os outros são menores do que nós. O Melgar tem um ótimo técnico, faz um bom trabalho e as dificuldades se colocam por causa do adversário — analisou Mano Menezes, que completou com um elogio:
— Quando os pequenos detalhes não funcionaram, Daniel defendeu a nossa meta e confirmou o grande goleiro que é.
Daniel, aliás, foi escolhido o melhor em campo pela Conmebol, levou o troféu da competição para casa. Saiu de campo zerado mais uma vez, a segunda seguida, e fez pelo menos três grandes defesas que salvaram o resultado.
— Era importante não levar gols aqui. Venho trabalhando muito forte para quando a equipe precisar eu estar pronto. Mas não fui só eu, foi o time inteiro, desde lá da frente. Se foi meu melhor jogo? Não sei, gosto de pensar que a melhor partida é sempre a próxima — afirmou o goleiro.
Sobre a partida, Mano admitiu as dificuldades da equipe em se adaptar ao adversário e à altitude, que deixou a bola mais rápida. Mas o treinador comemorou que, mesmo com os problemas, o time conseguiu se ajustar e encaixar a marcação. O sofrimento do começo, com as bolas alçadas para a área e as vantagens dos atacantes, deram lugar a mais segurança quando o sistema defensivo se assentou.
— Quando ajeitamos a faixa central, demos apenas os lados do campo para o adversário, o que fizemos bem. O Melgar levantou mais de 30 bolas para a área e Vitão deve ter tirado umas 15, pelo menos. Com 10 homens, defendemos melhor ainda — adicionou Mano.
O Inter teve desvantagem numérica desde os 21 minutos da segunda etapa. Alemão perdeu a cabeça e, irritado, deixou o cotovelo alto, acertando o rosto de um jogador do Melgar. Foi expulso direto. O treinador contemporizou e até brincou:
— Todo mundo dá bergamota para o Alemão, vamos dar um pouco de maracujá. São jogos difíceis, contra jogadores experientes. Faz parte da formação dele, vai enfrentar novamente isso em outros momentos e vai ter aprendido. É duro jogar assim, o time não está oferecendo bola de qualidade, tem sempre zagueiro disputando, isso pode tirar do equilíbrio. Já aconteceu com tanta gente, não vamos crucificar.
Após a partida, o Inter voou para Lima e, nesta sexta-feira, viaja para o Ceará. Isso porque, antes do confronto de volta pela Sul-Americana, terá de enfrentar o Fortaleza, às 18h de domingo, no Castelão, em compromisso pela 21ª rodada do Brasileirão. Mano deverá preservar alguns jogadores e dar ritmo a outros, como Alan Patrick e Braian Romero.