Se só sobrou o Brasileirão, que se jogue até o final em busca do que for possível. Foi assim que o Inter encarou a realidade de 2022 e venceu, jogando bem, sem sobressaltos, uma das sensações da temporada. A goleada por 3 a 0 (gols de Bustos, Alemão e De Pena) sobre o Fluminense de Fernando Diniz manteve o Inter no G-6, em sexto, um ponto à frente do Atlético-MG e 12 atrás do líder Palmeiras.
A partida foi marcada por hostilidades da torcida e por uma clara divisão nas arquibancadas, entre quem ainda apoiava o time e quem criticava.
Foram dois jogos no Beira-Rio. Um, no campo, no qual a estratégia de Mano Menezes se sobrepôs à do adversário. A sensação é de que, mesmo que o Flu tenha terminado com mais posse de bola, o que é normal, o placar foi até magro dada a produção ofensiva colorada.
Mas o outro jogo, o da arquibancada, contrapôs os próprios torcedores. Na organizada, vaias e críticas, em especial a jogadores que estão há mais tempo, como Edenilson, ou a quem, apesar do passado vitorioso, não conseguiu entregar a qualidade que já apresentou, caso de Taison. Mas esses apupos, lá pela metade do primeiro tempo, motivaram o resto do estádio a criticar. Colorados que estavam em outros setores vaiaram e hostilizaram os integrantes da organizada. Foi nesse ambiente que se desenvolveu a goleada.
— Os torcedores têm direito de cobrar quando o time faz o que fez na quinta-feira (11). E temos duas opções. Preferimos guerrear, jogar muito bem contra um time de boa qualidade técnica e com um professor muito bom — comentou De Pena, autor do terceiro gol.
O técnico Mano Menezes minimizou a pressão aumentada pelo resultado de quinta:
— Não tínhamos que recuperar confiança, tivemos uma eliminação. É ruim, nos deixou tristes, porque tínhamos capacidade de continuar. Embora alguns não queiram, futebol é duro assim. Várias equipes foram eliminadas na semana passada. Quando não atingimos o objetivo, precisamos ouvir, aceitar. Com algumas, não concordamos, mas faz parte. Não vamos proibir as pessoas de falar.
Mano ampliou:
— Às vezes se tem uma ideia que uma eliminação destrói tudo. Mas isso só acontece quando se vai para casa pensando que poderia ter feito coisas melhores ou que não entregou tudo. Quando somos eliminados como fomos, se estabelece uma tristeza. Mas o futebol não permite chorar, baixar a cabeça por muito tempo. Exige uma atitude forte logo em seguida. E foi o que fizemos.
Um dos assuntos abordados foi a dúvida para o restante da temporada sobre a permanência de Edenilson. Mesmo sem estar relacionado em razão de um edema no joelho esquerdo, ele foi xingado por parte da torcida. O clube não descarta uma negociação, mas ainda não recebeu qualquer proposta. A curiosidade é que já há um candidato a reposição, independentemente de sua saída. Trata-se de Aránguiz.
O chileno, que esteve no Inter em 2014 e 2015, está saindo do Bayer Leverkusen. Ele ficará livre no mercado e teria interesse em retornar a Porto Alegre. O presidente Alessandro Barcellos, porém, descartou a contratação, que precisaria ser finalizada até esta segunda-feira (15):
— Nós não temos nenhuma previsão de chegada de atletas. Gostamos e gostaríamos muito de contar com a possibilidade de o Aránguiz estar aqui, mas sabemos hoje o custo que é um atleta, quanto o Internacional está disposto e tem condições de pagar e isso tem uma distância muito grande, o que dificuldade demais essa possibilidade.
Além de negociações e da indisposição com a torcida, Mano fez questão de passar uma mensagem:
— Tem temporadas que você é vencedor sem ter sido campeão. Porque avançou a caminho do objetivo.
A primeira missão foi concluída. O desafio, de agora em diante, será recuperar a confiança da torcida. Principalmente para que a próxima temporada não seja "apenas" de avanços.