O Colo-Colo é um clube enlutado. Não que os jogadores que entrarão no Beira-Rio na noite desta terça-feira (5), pela Copa Sul-Americana, estejam sentidos pela perda de alguém próximo nos últimos dias. A agremiação chilena vive eternamente enlutada. Trata-se de um luto que acompanha o time aonde quer que ele vá há 95 anos. Repare na camisa que será utilizada contra o Inter no confronto das 21h30min. Há uma faixa preta sobre o distintivo.
Antes da faixa, o índio que serve como emblema é em homenagem a Colo-Colo, um dos caciques da tribo mapuche. Reza a lenda que ele teria sido um dos artífices da Guerra de Arauco (1550-1656) contra o domínio espanhol.
Conhecido como um clube nacionalista, o Colo-Colo tem no seu escudo as cores da bandeira chilena, apesar de o uniforme titular ser alvinegro — o reserva leva o azul, vermelho e branco. A imagem do índio foi inserida na década de 1940, utilizada como um fator que fortalecesse a relação entre El Cacique e a história do Chile. Logo acima da destemida figura indígena está o “luto arriba”, aquela faixa preta sobre o escudo.
A tarja é uma homenagem a David Arellano, nome com o qual o estádio da primeira partida das oitavas de final entre Inter e Colo-Colo foi batizado. Considerado uma lenda do futebol chileno, Arellano tem alguns feitos apesar da vida efêmera. Atribui-se a ele o surgimento do movimento de bicicleta no futebol chileno, chamado por lá de "chilena” e imortalizado no Brasil por Leônidas da Silva.
Arellano foi um dos fundadores e o primeiro capitão do Colo-Colo. Em 1927, dois anos após a fundação do clube, uma excursão à Europa foi realizada. No amistoso contra o Valladolid, ele sofreu uma forte pancada no estômago. Logo as dores se transformaram em uma peritonite (inflamação na região abdominal). Arellano, de 26 anos, não resistiu ao ferimento e morreu no dia seguinte - uma história até certo ponto semelhante à do ex-goleiro gremista Lara.
Desde aquele 3 de maio, o Colo-Colo vive enlutado. Por muito tempo, a homenagem foi a utilização de uma faixa preta no braço, como os jogadores normalmente usam em homenagens deste tipo. Em 1971, uma tarja em memória de Arellano foi fixada logo acima do distintivo.