O empate do Inter por 1 a 1 com o Guaireña marcou a última partida de Alexander Medina no Beira-Rio. Além da pobre atuação diante de um modesto clube fundado em 2016, a entrevista coletiva do treinador após o jogo foi a gota d’água para determinar a demissão em uma noite que teve forte cobrança para a direção colorada.
Antes mesmo de a bola rolar, o anúncio da escalação no Beira-Rio veio com vaias para muitos jogadores, mas nenhuma maior do que as para Alexander Medina. O gol do Guaireña, porém, foi o gatilho para os torcedores começarem também a gritar contra o presidente Alessandro Barcellos.
O empate conseguido graças a um gol contra do zagueiro Miguel Paniagua, aos 32 do segundo tempo, serviu apenas para evitar um resultado ainda mais desastroso, mas insuficiente para aliviar o tom das cobranças vindas das arquibancadas e que chegaram a virar atos de violência com depredações no Beira-Rio. Na direção caiu muito mal a entrevista de Alexander Medina. Em sua manifestação após o jogo, o treinador usou os números de posse de bola (Inter teve 80%) e finalizações (de 20) para argumentar que seu time fez uma boa partida.
— Inter não ganhou o jogo e estamos sentindo porque viemos buscar a vitória, pela história e grandeza que temos. Mas fizemos de tudo para vencer. O rival chegou uma vez e nós chegamos inúmeras vezes. Se tivéssemos tido contundência, teríamos vencido por uma boa margem de gols. O Inter deveria ter vencido o jogo e isso não é uma desculpa. Estou falando o que aconteceu no jogo. Sabíamos que tínhamos que vencer, que o rival é da metade de baixo do Campeonato Paraguaio, mas assim é o futebol — argumentou Cacique Medina.
Por determinação da Conmebol, os dirigentes não participam do protocolo de entrevistas após a partidas da Sul-Americana. Houve reunião de grupos que apoiam a gestão Alessandro Barcellos com manifestação sobre a indignação com as palavras de Cacique, visto por eles como uma prova de que o treinador não tem a dimensão da crise que o Inter enfrenta com as atuações ruins na temporada.
As conversas da noite de quinta-feira não foram definidoras, mas serviram como primeiro passo para o que acabou confirmado no começo da tarde desta sexta. Ainda pela manhã, Alexander Medina foi ao CT Parque Gigante comandar o treinamento marcado enquanto sua saída era discutida nos bastidores.
Essa não foi a primeira vez que a demissão foi assunto. Após a eliminação na Copa do Brasil para o Globo-RN, a manifestação do grupo de jogadores a favor da comissão técnica pesou na decisão de manter o uruguaio, quando a alta multa rescisória de R$ 7 milhões (equivalente ao contrato até o final de 2022) também pesou para sua permanência, além do fato de que a busca por um substituto no mercado era considera uma dificuldade naquele momento.
Medina voltou a correr riscos depois da goleada de 3 a 0 sofrida para o Grêmio no jogo de ida da semifinal do Gauchão, no Beira-Rio. O treinador foi mantido para a volta com o cargo em risco em caso de uma nova derrota. A vitória de 1 a 0 com boa atuação serviu para sua manutenção com a esperança de que os 15 dias sem jogos até a estreia na Copa Sul-Americana pudessem ser aproveitados para uma evolução do time, o que não apareceu. Antes do empate com o Guaireña, o Inter também igualou com o 9 de Octubre, pelo torneio continental, e perdeu para o Atlético-MG, pelo Brasileirão.
A falta de evolução combinado da pressão ainda maior sobre a direção acabou tendo nas avaliações vistas como equivocadas de Medina sobre o jogo o ponto que faltava para o fim da trajetória do técnico no Beira-Rio. Medina tinha a receber do Inter em torno de R$ 5,5 milhões até o final de 2022. Esse é o valor da multa a ser pago pelo clube pela demissão.
*Colaborou Bruno Flores