Se fosse um daqueles passatempos em que há informações separadas em duas colunas e é preciso fazer a conexão entre cada uma delas e as informações fossem as que virão a seguir, como você conectaria elas? Coluna 1: atacante que jogou na principal liga do futebol mundial; atacante disputou partidas em equipes menores em estádios acanhados. Coluna 2: tem média de um gol a 58 minutos; foi às redes duas vezes em 15 partidas.
A lógica diz que aquele que jogou em torneios de maior tende a ter uma média de gols mais elevada. Não é o caso vivido no Inter. Contratado com pompa, Wesley Moraes ainda não justificou a aposta em seu futebol nesses primeiros meses de 2022. São quase mil minutos em campo e somente dois gols.
Alemão desembarcou do Novo Hamburgo sem despertar maior atenção, mas tem aproveitado cada minuto que passa em campo. Ao todo, ele esteve atuou por apenas 116 minutos divididos em cinco partidas. Tempo suficiente para marcar duas vezes, dando a vitória nas partidas contra o Fortaleza e o Fluminense.
A discrepância no desempenho deve mudar a escalação colorada. Para a partida contra o Independiente Medellín, nesta terça-feira (26), pela Copa Sul-Americana, Alemão deve cavar o seu espaço entre os titulares.
— Me identifico muito com ele porque também vim de um clube do interior para o Inter. É um jogador de força e boa qualidade técnica. É um centroavante que antecipa e que também sai para o jogo. No Caxias, íamos ir atrás dele depois do Gauchão — analisa Gustavo Papa, centroavante do Inter no início dos anos 2000 e que foi auxiliar técnico do Caxias durante o Estadual.
Antecipação. A característica ressaltado pelo ex-atacante é uma das razões para que a titularidade esteja mudando de dono. Os dois são centroavantes de área, Alemão com um pouco mais de mobilidade longe do gol adversário, mas é a antecipação que está fazendo a diferença. O aspecto foi ressaltado pelo comandante colorado.
— Levou vantagem em bolas importantes. No gol, fez o movimento de atacar a bola, estava explicando isso ao Wesley (Moraes), um atacante não pode esperar a jogada para depois romper a marcação. Você rompe porque precisa ser agressivo, às vezes a bola pode passar. Isso tudo é um aprendizado para todos eles — avaliou, após o jogo contra o Fluminense.
Wesley pertence ao Aston Villa. O clube inglês pagou 22 milhões de libras para tirá-lo do Brugge. Chegou a ser emprestado à equipe belga antes de vestir a camisa 9 colorada. Além de ter sofrido com uma lesão no joelho e o fato de nunca ter atuado em um grande clube brasileiro são apresentados como situações que podem influenciar na má fase nos primeiros meses de empréstimo.
— Vejo com normalidade. É difícil voltar mesmo para quem jogou nas grandes ligas. Requer uma adaptação. A carga de treinos é diferente, o gramado é diferente, o modelo de jogo muda. É um jogo diferente. Ele passa por um processo natural — avalia Gustavo Papa.
E é com as expectativas invertidas que Mano Menezes pode trocar o comando de ataque colorado, caso ele faça passatempos de unir duas colunas de informação.