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O Inter vai para a Arena pensando em uma epopeia poucas vezes vista na história do futebol. Na partida desta quarta-feira (23), 22h15min, a equipe de Alexander Medina começa com um placar adverso de 3 a 0, resultado do Gre-Nal de ida.
Para chegar à final do Gauchão sem precisar de pênaltis, o Inter terá de fazer algo ainda inédito na Arena e que não ocorre em Gre-Nal desde 1954: ganhar do Grêmio por quatro gols de diferença. Os colorados, aliás, só venceram na atual casa tricolor uma vez, inclusive foi o primeiro a ganhar clássico lá. Mas já se vão oito anos desde aquela partida de ida da final do Estadual. A última vez que superou o rival com a diferença que precisa nesta noite remete à inauguração do Estádio Olímpico, quando Larry brilhou e comandou a goleada histórica por 6 a 2.
Com um histórico tão ruim, o que pode fazer os torcedores acreditarem em uma virada? Elencamos três razões.
1) Viradas históricas
Não são muitas viradas na história recente colorada. À exceção das conquistas das Recopas de 2007 e 2011, as demais ocorreram com o Inter saindo na frente, ganhando o jogo de ida. Nas duas Libertadores e na Sul-Americana, por exemplo, foi ao Beira-Rio campeão, precisando apenas confirmar a vantagem obtida fora de casa. Mas para chegar até essa fase, houve reviravoltas, como a LDU em 2006 e o Banfield em 2010. Outra virada memorável foi a da Copa do Brasil de 2008, sobre o Paraná. Mas a mais lembrada é justamente sobre o Grêmio.
Na final do Estadual de 2011, o Inter havia perdido em casa por 3 a 2, saiu atrás no Gre-Nal da volta, mas teve força para buscar o resultado e ser campeão nos pênaltis.
Há outras três memórias gloriosas para a torcida acreditar. Nos últimos 25 anos, os colorados venceram o Grêmio três vezes por três gols de diferença: 5 a 2 no Olímpico em 1997, 4 a 1 no Beira-Rio em 2008 e 4 a 1 no Centenário em 2014. Nas últimas duas, um personagem que estará à disposição de Alexander Medina foi protagonista: D'Alessandro.
2) Atuação do Gre-Nal do dia 9
Afora as questões metafísicas ("isso já ocorreu antes", "uma hora alguma virada precisa surgir", "em futebol tudo é possível"), existe um aspecto de campo que pode dar alguma espécie de esperança ao Inter. No clássico anterior ao de sábado passado, que havia ocorrido em 9 de março, o time jogou bem, superou o rival em todos os aspectos e foi consenso que o 1 a 0 foi um placar "barato" dada a produção da equipe.
— Não foi um banho de bola do Grêmio igual foi o nosso na semana passada. Por isso eu digo que a situação não é irreversível, mas reconheço que é complicado reverter — foi a declaração dada pelo vice de futebol colorado, Emilio Papaléo.
Entre os aspectos daquele jogo a serem repetidos está a motivação. Além de ter jogado de forma mais organizada, o Inter correu mais, ganhou mais divididas e se impôs também fisicamente no clássico. A mobilidade dos atacantes também precisa reaparecer. Naquela partida, a constante troca de posições entre Mauricio, Taison, David e Edenilson confundiu a defesa gremista e abriu caminho para chegar à vitória.
— Aquele Gre-Nal deixa uma dúvida para o Grêmio. O Grêmio levou um chocolate taticamente, mas no segundo mudou toda a história. Agora o Inter pode mudar isso. A diferença de gols é importante e o Inter vai precisar propor um outro estilo de jogo em termos de agressividade. Vai ser preciso ser mais agressivo do que foi no Beira-Rio — afirmou Fabiano, protagonista do 5 a 2, marcando dois gols.
3) Lições do Gre-Nal 436
Há três nós para Medina desatar em busca do milagre no Gre-Nal. O primeiro é prático: um lateral-esquerdo. Sem Moisés, lesionado, e sem PV, suspenso, a alternativa da posição é Thauan Lara. Só que se trata de um jovem de 18 anos que nunca atuou pelo profissional. Então a tendência é de que haja uma improvisação: os dois candidatos são Bruno Méndez, zagueiro de origem, e Liziero, volante, mas que já foi lateral no São Paulo.
O segundo é psicológico. Os jogadores do Inter pareceram desconcentrados no início do Gre-Nal. Falhas individuais (a mais acentuada foi a de Kaique Rocha) geraram o placar de 2 a 0 para o Grêmio antes da metade do primeiro tempo. Medina precisará recuperar a questão mental, fazer os atletas acreditarem e estarem todo o tempo focados na partida.
— Tínhamos o controle, tratávamos de ter ações, mas houve dois chutes e dois gols. Foi um jogo totalmente diferente até a expulsão — disse o treinador.
O terceiro é tático. Por mais que tenham ocorrido as falhas individuais que viraram gols para o Grêmio, ofensivamente o Inter foi dominado. O técnico precisará criar uma situação especial para dar superioridade no setor e buscar os gols necessários.