Em uma noite marcada por vaias, que iniciaram ainda no aquecimento dos jogadores e seguiram após o apito final do árbitro Anderson Daronco, o Inter venceu o Aimoré por um magro placar de 1 a 0 neste domingo (6). O atacante David, aos 32 minutos da etapa inicial, marcou o gol da vitória colorada diante de 5.045 torcedores, o pior público Beira-Rio desde a reforma feita para a Copa do Mundo de 2014.
Ainda que magro e com uma atuação longe de ser convincente, os três pontos conquistados diante do Aimoré serviram para recolocar o Inter no G-4 do Gauchão. O Colorado até tem a chance de confirmar matematicamente a classificação para as semifinais em caso de vitória no Gre-Nal da próxima quarta-feira. A essa altura, porém, vencer o clássico tem uma importância maior para trazer alguma estabilidade de volta ao Beira-Rio do que pela situação na tabela.
Isso foi reconhecido pelo autor do gol colorado na noite na saída do gramado.
— É um alívio para mim. Como atacante preciso de gols. Mais feliz ainda pela vitória. Precisávamos disso para ganhar confiança. É lógico que isso é uma motivação a mais. Sabemos que temos de melhorar muito, mas motivação não falta, estamos trabalhando para isso. Vamos aproveitar os dias que teremos para treinar e corrigir algumas coisas. Sabemos que precisamos vencer o clássico. Vamos focar porque Gre-Nal a gente tem que ganhar — resumiu David após seu primeiro gol com a camisa colorada.
Uma preocupação do Inter para o jogo contra o Aimoré era o alto número de pendurados, sete ao todo. Desses, Taison e Liziero iniciaram a partida deste domingo enquanto D'Alessandro, Moisés e Wesley Moraes entraram no segundo tempo, mas nenhum levou cartão. Ou seja, Medina não terá desfalque por suspensão para o clássico.
Um dos poucos jogadores de boa atuação contra o Aimoré, o meia Mauricio tratou as cobranças da torcida como naturais em razão da eliminação da Copa do Brasil e lembrou da vitória no último Gre-Nal da temporada passada como um fator de motivação para tentar vencer o Grêmio novamente na quarta-feira.
— Nós trouxemos o problema tropeçando na Copa do Brasil. Foi de extrema importância ganhar, ganhar bem, para o Gre-Nal que vem pela frente. Representa muito para mim, fico muito feliz pela minha atuação, prezo pelo coletivo que o individual acaba sobressaindo. (O Gre-Nal) É um jogo difícil. Sabemos que é um jogo diferente. Em alguns momentos quem estava mal chegou e venceu. É um jogo diferente e a gente está se preparando bem. O último foi nosso e estamos confiantes para conquistar novamente uma vitória no Gre-Nal — projetou.
Bastante cobrado pela torcida no Beira-Rio, o técnico Alexander Medina avaliou como justa a vitória do Inter. Ele citou que o Aimoré levou perigo a Daniel apenas em uma bola parada. Ofensivamente, o uruguaio avaliou que tem faltado verticalidade para o seu time no último quarto do campo.
— O adversário praticamente não chutou a gol, apenas um escanteio que nos levou perigo. Nos faltou no último quarto do campo de ser mais agressivo, de ter maior velocidade na hora de terminar as jogadas. Temos jogadores que gostam de ter a bola, de tocar e não são tão verticais. Eram dias difíceis, era necessário ter personalidade para vencer e vencemos merecidamente — disse.
Medina seguiu falando sobre a pressão vivida por ele e seu grupo ainda em uma fase inicial da temporada. Sem estipular prazo, o técnico uruguaio disse ter convicção de que o time vai render aquilo que espera, mas admitiu que recuperar a confiança do elenco tem sido um desafio para a sua comissão técnica.
— Espero que o mais cedo apareça nossa melhor versão. Temos pouco mais de 50 dias de trabalho. É muito recente. Queremos mudar diferentes formas do que acreditamos para jogar bem e ter o resultado, o que é mais importante. Não posso dizer quando tempo levará, mas iremos melhorando através de resultados. É uma equipe que vem bastante golpeada por situações anteriores. Mas confio muito no trabalho, que poderemos ir melhorando entre todos. Não me sinto questionado. Internamente, o clube valoriza o trabalho diário, do que fazemos e do por que nos buscaram. O futebol depende do resultado, mas em alguns momentos é preciso ter paciência. Estamos trabalhando, os jogadores mostram disposição no trabalho e sabemos que devemos melhorar. Temos autocríticas, mas estamos levando um trabalho — avaliou antes de falar da questão mental do elenco.
— Não é fácil esse clima hostil. Nós chegamos e encontramos uma situação adversa de começo, com jogadores que estão há bastante tempo e passando essa situação. É difícil tratar que o atleta tenha confiança. Estamos trabalhando muito na parte psicológica dos jogadores. Me coloco na pele deles e não deve ser fácil. Espero que na próxima partida isso mude, que eles possam apresentar sua melhor versão. São bons jogadores, mas atrapalha (as vaias). Isso torna complicado, não é fácil. Vamos tentar reverter essa situação, tomara. Isso se reverte com boas atuações — completou.
Em busca dessa confiança que o Inter irá para o Gre-Nal 435. Se não irá apagar o vexame diante do Globo-RN nem devolver a alta premiação perdida na Copa do Brasil, vencer o Grêmio sempre é algo que ajuda qualquer treinador e grupo de jogadores que vestem vermelho e branco, ainda mais que o clássico será no Beira-Rio.