No Gre-Nal, Alexander Medina descobriu a dupla de volantes que mais se adaptou ao seu sistema de jogo. Gabriel e Liziero abriram o meio-campo e foram destaques na melhor partida do Inter para a temporada. O jogador que veio do São Paulo e vestiu a camisa 5 cavou seu lugar na equipe graças a uma característica que estava em baixa no Beira-Rio: dinâmica.
Cria do CT Cotia, onde o tricolor paulista forma sua categoria de base, e contratado por empréstimo até o final da temporada, o volante de 23 anos esteve em campo sete vezes. Suas primeiras amostragens foram burocráticas, sem dar a fluidez que o treinador pedia. Saiu do time. Voltou contra o Aimoré e cresceu. A consolidação veio no Gre-Nal, quando recebeu elogio de Medina, ao lado de Gabriel:
— Gabriel e Liziero jogaram muito bem. Com muita personalidade para atacar e para marcar. Estamos testando muitos jogadores e trocamos muito a dupla do meio. Os dois se complementaram muito bem.
Carlos Eduardo Lino, comentarista do SporTV no clássico da fase inicial, ampliou a análise. O que chamou a atenção do analista foi justamente essa "complementação". Enquanto Gabriel entrega dedicação total, desarmes, intensidade e força, Liziero é o responsável pela articulação.
— Como o Inter não tem um articulador na linha de frente, coube a ele começar as jogadas. Liziero é um jogador cerebral, Gabriel é dedicado. Acabaram se completando bem, um casamento que deu certo e surpreendeu o Grêmio — ponderou Lino.
É exatamente isso que a função exige. Além de desarmar e recuperar a bola, é fundamental também dar sequência ao jogo. Nas sete partidas que esteve em campo, Liziero tentou bastante. Segundo o Footstats, deu 244 passes, acertando 96%, e foi responsável por quatro viradas de jogo certas e apenas uma errada.
Para o ex-volante Batista, tricampeão brasileiro com o Inter, integrante da Seleção Brasileira nas Copas de 1978 e 1982, uma das maiores referências na posição da história do futebol gaúcho, é importante olhar para além dos números de passes certos. Mais importante, na visão dele, é observar para quem e para onde foram dados.
— O volante precisa dar início às jogadas. Seja por baixo, para alguém próximo, ou nas bolas longas, é função dele guiar o time. Por isso, é importante antever e visualizar as jogadas. O volante é um armador e a primeira opção é olhar para frente — explicou o ex-jogador.
Agora, para conseguir se adaptar ainda mais à função, é necessário dar continuidade. Mesmo se eventualmente não repetir a atuação que teve no Gre-Nal, só a sequência dará entrosamento e ritmo.
— Claro que o contexto do jogo também influencia, e Liziero foi bem no jogo importante. Então é bom dar continuidade ao jogador, ao sistema para que progrida e mantenha a ascensão — finalizou Batista.
A dupla de volantes será responsável por dar sustentação, ritmo e fluidez ao Inter. Em uma partida, mostraram que conseguiram. O adversário para a segunda amostragem é o mesmo. Mais uma chance para mostrar o encaixe de uma dupla de antigos rivais, um volante que veio do Corinthians com outro proveniente do São Paulo.