O Inter recebe o Grêmio no Beira-Rio neste sábado (26), às 19h, para o Gre-Nal 435 em uma condição aquém do que esperava o técnico Alexander Medina para seu primeiro clássico no Rio Grande do Sul. Com apenas três vitórias em oito rodadas do Gauchão, o clima que cerca o Colorado é de cobrança e insatisfação da torcida com o trabalho da comissão técnica, mas também com direção e alguns jogadores. Em razão disso, o encontro com o rival pode ser determinante para definir como serão os próximos dias no ambiente vermelho.
O clássico deste sábado acontece exatamente um mês após o início do Gauchão. As cobranças feitas a Medina se justificam pelos resultados. O aproveitamento de apenas 50% e o risco de deixar a zona de classificação para a semifinal do Gauchão nesta rodada mostram um cenário muito abaixo do imaginado pelos colorados no começo da temporada.
Há para o treinador uruguaio, claro, atenuantes. Da estreia com vitória para o Juventude até a derrota para o São José, no último domingo, passaram apenas 21 dias, onde a comissão técnica mais trabalhou na recuperação dos atletas do que na evolução de aspectos técnicos e táticos. O período permitiu a realização de apenas cinco sessões consideradas completas de treino (as que não são realizadas nas vésperas ou nos dias após os jogos, com cargas menores de exigência). Com mais jogos que treinos de alta intensidade, Medina apostou em usar as partidas como extensão dos treinamentos. Foram muitos testes com jogadores em funções diferentes das suas naturais, mudanças de escalação e nenhuma repetição de time.
O calendário exigente, porém, deu a trégua na semana Gre-Nal e permitiu a Medina uma semana livre para preparar o time. Neste sábado, o treinador uruguaio irá mostrar como aproveitou esses últimos dias que teve os jogadores à disposição no CT Parque Gigante. No ambiente colorado há essa confiança de que o time poderá mostrar evolução nesta noite no Beira-Rio.
— Período importante em vários sentidos. Para conseguir treinar, rever, corrigir, preparar, descansar. Todos são aspectos muito importantes. Com jogos quarta e domingo, fica pouco espaço para que a comissão consiga ir aprimorando a metodologia. Vejo como uma semana positiva e acredito que estaremos prontos para fazer um grande Gre-Nal e buscar uma vitória, a exemplo do que fizemos no clássico do fim do ano passado. É um trabalho permanente. Quando se vem de um resultado negativo como foi o do São José, o primeiro passo é rever o jogo e buscar o que pode ser aprimorado. Os próprios atletas conversam entre si em busca das melhores soluções junto com a comissão técnica. E uma semana de clássico Gre-Nal também traz motivação para o ambiente. É um jogo diferente, um jogo em que os dois lados buscam ganhar e que motiva para fazer um grande trabalho — afirma o vice de futebol colorado Emílio Papaléo Zin.
Essa esperança trazida pela semana que proporcionou a Medina aprimorar seus conceitos com o elenco também poderá servir como ampliadora do tom das cobranças em caso de insucesso. Tanto nos bastidores quanto em entrevistas, porém, a direção do Inter mantém a posição de que não há risco de mudança na comissão técnica mesmo com derrota no Gre-Nal. Mas é sabido que a pressão sobre o uruguaio ganhará proporções ainda maiores se o resultado for negativo.
— Um clube do tamanho do Inter sempre vai ter pressão por resultados. É natural que haja essa pressão por resultados vinda de fora. Sabemos da nossa responsabilidade. Mas a primeira cobrança começa em nós mesmos. Internamente, todos temos a nossa autocrítica: direção, comissão técnica e jogadores e queremos buscar melhores resultados. Sabemos que é um começo de trabalho, com um calendário apertado e que pode retardar para implementar uma nova metodologia. A nós da direção cabe dar o suporte necessário para que os profissionais no campo possam desempenhar o seu melhor — reafirmou Papaléo Zin.
É nesse clima que Medina irá estrear no Gre-Nal. Trazendo consigo a experiência dos tempos de jogador e técnico do confronto entre Nacional e Peñarol, um clássico de muitas semelhanças com o maior jogo dos gaúchos, Medina, em sua última manifestação antes do clássico, disse ser uma partida que deve ser desfrutada pelos atletas apesar de toda a responsabilidade que a rivalidade envolve.
— Sabemos o que significa jogar um Gre-Nal. O clássico é uma partida diferente de todas as outras que já senti na pele como jogador e treinador. Aqui não é decepção, se vê com muita paixão. É evidente que, se chegássemos ganhando, nos daria outro estado de ânimo, mas isso tem de ser uma motivação para todos os jogadores e o entorno. Jogar um Gre-Nal não é para qualquer um, por isso temos de desfrutar e tratar com responsabilidade — declarou após a derrota para o São José.
Será neste sábado que Medina será apresentado ao Gre-Nal. Já sob a pressão tão típica do futebol brasileiro, pouco tolerante a sequência de mau resultados de treinadores, o uruguaio tentará vencer o Grêmio para mostrar que pode ter vida longa no Beira-Rio.