Em 41 dias de trabalho no Inter, Alexander Medina inicia uma semana decisiva no comando do clube. Com as dificuldades do clube no Gauchão, o time venceu apenas três jogos em oito rodadas, a desconfiança do torcedor atingiu um novo patamar com a derrota por virada para o São José na noite do último domingo (20).
Após largar em vantagem, com o gol de Edenilson no primeiro tempo, o Inter sofreu três gols na segunda etapa e entra na semana que antecede a disputa do Gre-Nal pressionado por mais um tropeço no mês de fevereiro.
O Inter soube entender o estilo de jogo necessário para se adaptar ao gramado sintético do Passo D'Areia. Com a defesa posicionada e sem dar espaço ao adversário, o time tentava buscar o gol em lançamentos longos para Cadorini e David. A ideia deu certo no primeiro tempo. O time construiu pelo lado esquerdo com o centroavante e marcou com Edenilson.
A segunda etapa também mostrou a equipe de Cacique Medina melhor em campo, com o autor do primeiro gol perdendo excelente oportunidade de ampliar a vantagem.
Mas, em 15 minutos, o sistema defensivo colorado desmoronou. Primeiro, Paulo Victor falhou e deu espaço para a jogada de Cristiano. Sillas marcou, contando com a infelicidade do desvio de Cuesta.
O zagueiro, no entanto, foi quem errou no lance do segundo gol. Foi batido em cruzamento na área por um jovem emprestado pelo Grêmio ao São José. Cristiano, após cobrança de falta, aproveitou erro generalizado do sistema defensivo. Nem mesmo o gol de Caio Vidal nos minutos finais deu um ponto de esperança para o torcedor para a sequência.
Em sua entrevista coletiva, Alexander Medina colocou o processo de construção da equipe como prioridade neste início de ano. Em oito rodadas, o Inter teve oito escalações diferentes.
— Estamos testando, vendo opções. Buscar dentro das possibilidades que temos a melhor equipe para o que cremos. A partir disso estamos trabalhando, mas também em jogadores que podemos trazer. É parte do processo de trabalho. Armar uma equipe não acontece de um dia para outro. Não existe apertar um botão e ter a melhor equipe. Temos que ter tranquilidade, acreditar que vamos conseguir. Estamos juntos de todas as áreas para o que vem pela frente. Estamos trabalhando para isso — disse.
Mas com o clássico contra o maior rival pela frente, Medina projetou uma semana de trabalho e remobilização com o grupo de jogadores para chegar em condições de vencer a partida do próximo sábado, às 19h, no Beira-Rio:
— Tem que desfrutar a semana, o jogo. Buscar as melhores ferramentas que temos no grupo para formar o melhor time. Não vamos jogar só com técnica, mas com espírito. Pressão sempre existe no futebol. Todos tem a linda pressão de jogar por essa camisa. Temos esse privilegio e vamos assumir essa responsabilidade. A mentalidade de positividade. É isso que temos que recuperar.
A confiança do técnico encontrou reflexo no presidente Alessandro Barcellos, que alterou a rotina de entrevistas após as partidas. Normalmente apenas o treinador responde as perguntas dos jornalistas. Questionado se estava insatisfeito com o trabalho de Medina, Barcellos citou que toda a estrutura do departamento de futebol está em débito com o torcedor:
— Evidentemente que não estamos satisfeitos. Mas a responsabilidade é de todo mundo. Não é só com a comissão técnica. Estamos insatisfeitos em um trabalho como um todo. O problema e a solução estão aqui dentro. Vamos trabalhar para tirar esse passado que não vem dando certo para, em uma semana cheia de trabalho, remobilizar o grupo.
Após o êxtase com a vitória no último encontro com o Grêmio, resultado que acabou atrapalhando de vez a busca do rival na luta contra o rebaixamento, o Inter entra pressionado nos dias que antecedem o reencontro no clássico.