O Inter tem sido discreto no mercado da bola neste início de 2022. Até agora, foram apenas três contratações: Wesley Moraes, Liziero e D'Alessandro, de volta para encerrar a carreira. Pois nesta quarta-feira (12) foi a vez de apresentar Liziero: o polivalente jogador mostrou discurso afinado com a proposta de futebol planejada no clube com a contratação do técnico Alexander Medina. O jogador de 23 anos se apresentou como o volante construtor tratado como necessidade no Beira-Rio desde o ano passado.
Após receber das mãos do presidente Alessandro Barcellos a camisa 5 colorada, Liziero foi claro ao falar sobre o seu estilo. À moda antiga, usou em suas respostas os números 5 e 8 ao comentar primeira e segunda funções de meio-campo que pode exercer. Deixou claro que, mesmo sendo um jogador de mais técnica do que força, pode ser o primeiro homem do meio-campo dentro da nova ideia de futebol do clube.
— Me vejo como um volante de construção, de domínio de bola, de passe, ocupação de espaço. Minha característica principal é essa. Também joguei de lateral. Posso jogar tanto de "5" quanto de "8". Estou aqui para fazer o que o professor pedir. Me sinto bem jogando nas duas funções — disse, antes de reafirmar que se vê apto a exercer a função de primeiro volante:
— Geralmente o "5" é o que eu falo ser o primeiro pivô do time. É um cara que a bola sempre passa no pé, que dá qualidade para o time jogar na frente. O "5" faz o papel de construtor. Você vê muitos times da Europa onde o primeiro volante tem um passe acima da média para dar o primeiro passo na construção do time.
Ainda jovem, Liziero tentará, no Beira-Rio, corresponder às expectativas criadas em torno do seu futebol desde os tempos de base no Morumbi. Essa técnica que o faz se considerar um volante construtor chamou atenção desde muito novo. Em 2015, ele disputou o Mundial sub-17 com a seleção brasileira. Em 2018, foi eleito o melhor jogador da Copa São Paulo, em que o Tricolor paulista terminou com vice-campeonato ao perder a final para o Flamengo. Logo depois, o agora jogador do Inter subiu ao profissional com o técnico André Jardine — e viveu seu melhor momento naquele mesmo ano sob o comando de Diego Aguirre.
— É loucura, né? Estava jogando a Copa São Paulo, depois passei um tempo em casa e logo estava estreando no profissional. As coisas aconteceram muito rápido — reconheceu em tom de surpresa em junho de 2018, quando completou dez jogos como titular no profissional.
Técnico de Liziero naquela Copa São Paulo de 2018 e responsável por subir o então garoto para o profissional, André Jardine conversou com GZH sobre o novo reforço do Inter. O treinador acredita que o volante vai trazer uma característica diferente ao elenco colorado.
— Conheço bem o Liziero porque trabalhamos muito na base. Ele é um volante com ótima visão de jogo, com capacidade de organizar a equipe, de dar o tempo certo da jogada, de encontrar bons passes dentro do jogo, passes ofensivos e de se somar ao pessoal de ataque. É um organizador como não existem muitos no futebol brasileiro. Penso que o Inter faz uma aposta correta em um jogador que pode mudar bastante a forma de atuar no meio-campo. O Inter tem jogadores dessa função que estão há bastante tempo no elenco e o Liziero pode trazer um novo tempero para o meio-campo — observa.
Além da função de volante, Liziero também jogou como lateral-esquerdo com Jardine. O treinador observa essa versatilidade, mas avalia que seu melhor posicionamento é como um segundo volante.
— Ele pode fazer (primeiro volante), mas não é um jogador de ficar mais plantado, não tem a fase defensiva como sua maior virtude. Vejo a função principal dele como segundo volante. Essa é a função que mais potencializa as suas virtudes, que são de um meio-campista nato — completa.
Cuidado com a questão física
O principal fator apontado para Liziero não ter deslanchado no São Paulo como esperado é o físico. Inicialmente, ele enfrentou dificuldade com a maior exigência do profissional e, posteriormente, com as lesões. Em 2020, precisou passar por cirurgia no tornozelo direito e ficou sete meses afastado dos gramados.
No ano passado, porém, o jogador até mostrou-se recuperado e ganhou sequência com o técnico Hernán Crespo. No total, ele disputou 40 partidas com o argentino, sendo titular em 30 delas, atuando como primeiro e segundo volante. Depois, perdeu espaço com Rogério Ceni ficando alguns jogos no banco sem sequer ter sido utilizado na reta final do Brasileirão.
— (Não estourou no São Paulo) Muito por conta de lesões. Ele teve sérios problemas logo que subiu para o profissional e perdeu uma sequência boa nos primeiros anos no time de cima. A torcida também pegava no pé dele por ser um jogador sem tanta imposição física e de muitos toques para o lado. Liziero não costuma chegar com frequência ao ataque e a falta de efetividade com a bola nos pés, o que criava certa desconfiança da torcida. O ponto positivo é que o jogador pode ser utilizado em diversas funções do campo — aponta Eduardo Rodrigues, repórter do GE e setorista do São Paulo.
Com o novo camisa 5 apresentado, a torcida colorada espera que Liziero possa mostrar sua melhor versão em Porto Alegre, aquela que apareceu em lampejos no Morumbi, mas que geraram o interesse dos dirigentes do Inter em seu futebol. Quem sabe esse paulista de 23 anos venha para se consolidar como o volante construtor tão tido como carência no Beira-Rio.
Ficha técnica:
- Nome: Igor Matheus Liziero Pereira
- Data de nascimento: 07/02/1998
- Local de nascimento: Jales-SP
- Altura: 1m75cm
Liziero em 2021
- 48 jogos (37 como titular)
- 2 gols
- 2 assistências
Liziero no Brasileirão 2021
- 29 jogos
- 23 como titular
- 1 gol
- 1 assistência