Mesmo após a Associação Uruguaia de Futebol (AUF) definir pela não contratação de Diego Aguirre, o Inter continua vasculhando o mercado em busca de um profissional para substituir o uruguaio. Há quatro nomes circulando com mais força nos bastidores colorados, sendo três deles estrangeiros: Eduardo Domínguez, Sebastian Beccacece e Alexander Medina. O brasileiro é Roger Machado. A seguir, conheça um pouco mais sobre cada um deles.
Alexander Medina
El Cacique, como é conhecido, conta com um dos maiores elogios possíveis no futebol argentino atual: foi indicado pelo próprio Marcelo Gallardo como seu substituto ideal para quando sair do River Plate. O uruguaio Alexander Medina, 43 anos, é uma das sensações do momento no futebol argentino. Técnico do Talleres, comandou uma campanha de altíssimo nível, que conseguiu vaga na próxima Libertadores, sendo terceiro colocado no campeonato nacional e vice-campeão da Copa da Argentina, perdendo apenas nos pênaltis para o Boca.
Tem contrato até o final da temporada e ainda não assinou renovação. Ele consultou dirigentes para saber a capacidade de investimento, após ter perdido muitas peças ao longo da temporada.
— Vamos fazer uma análise de onde podemos chegar e vamos decidir nos próximos dias. Vamos descansar uns dias e analisar o todo — declarou na última entrevista coletiva.
Por trabalhar em clubes com orçamento escasso, acostumou-se a montar times com limitações. E também consegue se adaptar ao material humano que tem à disposição. Já jogou com e sem pontas, em linhas altas e baixas. O que não abre mão é a intensidade. Ele mesmo explicou:
— Nosso estilo se caracteriza por ser mais de proposição do que de reação. Vamos tentar ter a bola, ficar no campo adversário e criar associações pelos lados para finalizar por dentro.
É considerado de ótimo relacionamento com os jogadores. Durante o período de isolamento social, foi uma espécie de pai para os comandados do Talleres. É observado com atenção no Beira-Rio.
Eduardo Domínguez
Mais um nome em alta no país vizinho, Eduardo Domínguez foi o técnico que levou o Colón, de Santa Fe, a ser campeão nacional após 116 anos de seca. Não havia torcida no estádio, mas, ainda assim, a conquista gerou uma onda de vídeos emotivos nas redes sociais. Na atual temporada, é o sétimo colocado no torneio local.
Casado com Brenda, filha de Carlos Bianchi, histórico treinador do Boca Juniors, ele tem 43 anos, seis deles dedicados à função de técnico. Além do Colón, passou também por Nacional-URU e Huracán-ARG.
Nesse trabalho mais recente, fez algo que analistas apontam como fundamental para trabalhar com o atual grupo do Inter. Na falta de pontas e extremas, montou um time com um losango no meio, deixando que os laterais garantissem a amplitude. Também conseguiu se adaptar a um "grupo curto".
— Ele gosta de marcar alto. Exige intensidade, verticalidade. É um Coudet 2.0. Joga sem pontas e agora usou até três zagueiros — explica o analista Gabriel Corrêa, do Footure.
Suas diferenças para o ex-técnico colorado estão no comportamento. Não é um treinador midiático, então não deve ser esperado um show na beira do campo. Nacional à parte, teve pouca experiência em times grandes, o que facilitaria no caso dos cofres vazios do Inter.
Domínguez foi observado pelos especialistas colorados e a pasta com seu relatório está no topo da lista de Alessandro Barecellos, Emilio Papaleo e Paulo Bracks.
Sebastian Beccacece
O mais conhecido entre os estrangeiros da lista. Sebastian Beccacece tem 40 anos (completa 41 no dia 17 de dezembro) e está no Defensa Y Justicia, atual vice-líder do Campeonato Argentino. E é nesse clube que obteve seus melhores resultados. Até porque suas experiências em equipes maiores foram de fracassos: no Racing e no Independiente, Beccacece não funcionou.
E isso se deve não só à pressão que esses ambientes carregam consigo mas também a uma certa "ortodoxia" no estilo. Beccacece é tido como um "Sampaoli cabeludo", seja na forma de atuar que no comportamento na beira do gramado. Eles trabalharam juntos, inclusive, na Universidad de Chile e na seleção argentina. Brigaram. Fizeram as pazes. E se mantiveram fiéis ao "bielsismo", um entusiasta do Jogo de Posição, o mesmo que Miguel Ángel Ramírez tentou implantar no Inter em 2021.
"É um jogo ultraofensivo, com total manutenção da posse de bola e pressão pós-perda, saídas por baixo e muitos passes. É um bielsista" analisou o site argentino Fútbol Amino, especializado em questões táticas.
Beccacece não economiza gestos, gritos e performances na beira do gramado. O estilo explosivo, porém, já causou mal-estar com atletas. Seu nome foi recebido, mas não é o preferido no Inter.
Roger Machado
Único brasileiro na lista, Roger não é exatamente uma unanimidade no clube, apesar de ter vários apoiadores entre os dirigentes. Pesa contra ele a identificação com o Grêmio, tanto como jogador quanto treinador. E também a falta de conquistas após passagens por Atlético-MG, Palmeiras, Bahia e Fluminense.
Mas ninguém duvida da capacidade de Roger na organização dos times. Seu trabalho de maior sucesso, o Grêmio era um time de bom toque de bola, inteligência na reação e movimentação. Em entrevista ao Footure, o treinador revelou um aspecto interessante:
— Nossa personalidade está inserida nas ideias com as quais enxergamos o jogo de futebol. Sou um cara que tem uma obsessão por formas geométricas e simetria. Se for na sua casa e houver um quadro meio centímetro torto, isso vai me incomodar até chegar ao ponto de ir mexer nele e alinhá-lo. Sou muito perfeccionista nos aspectos táticos e de modelo de jogo.
Essa maneira de enxergar o futebol exige que todos os atletas participem de todas as fases, defensiva e ofensiva. Os treinos são intensos em busca de uma identidade.
E, por incrível que pareça, isso pode ser um complicador na cultura brasileira. Roger é considerado um técnico que perdeu o "ar boleiro", o que eventualmente causa problemas de relacionamento. Seu nome, entretanto, não pode ser descartado. Resta convencer alguns dirigentes.