Depois de idas e vindas, o Inter anunciou Alexander Medina como novo treinador. O uruguaio de 43 anos começará a partir de 11 de janeiro, data da reapresentação do elenco colorado, seu trabalho para uma temporada na qual o clube terá um calendário com Gauchão, Copa do Brasil, Sul-Americana e Campeonato Brasileiro.
Alexander Medina, conhecido desde os tempos de atacante de Nacional-URU e seleção uruguaia como Cacique Medina, chega ao Beira-Rio com a missão de colocar em prática a proposta de futebol ofensivo, uma promessa da atual direção colorada desde o início da gestão, em janeiro deste ano.
Se no começo de 2021 a aposta foi em Miguel Ángel Ramírez, adepto do Jogo de Posição, que tem na manutenção da posse de bola e a na movimentação dela com muitos passes uma ferramenta de funcionamento, Medina trará para Porto Alegre um estilo que visa um jogo mais direto para chegar ao gol adversário.
No último Campeonato Argentino, por exemplo, o Talleres de Medina teve uma média de posse de bola de 53,8%, apenas a sexta da competição. Isso acontece porque, apesar de trabalhar a saída de bola pelo chão desde os zagueiros em alguns momentos, em outros o treinador uruguaio usa a ligação direta para os homens de frente como forma de saltar linhas e sair da pressão adversária.
Essa estratégia é parecida com a que usava Eduardo Coudet, que comandou o Inter durante a temporada 2020. Analista tático do Diário Olé, Vicente Muglia, porém, ressalta que Medina usa o jogo direto de forma mais frequente que Coudet. Na comparação, ele cita também outro treinador que esteve na mira do Inter: Eduardo Domínguez, ex-Colón.
— O Talleres do Medina trabalhava um pouco mais a bola que o Colón, do Eduardo Domínguez, mas, ainda assim, menos que o Racing, de Eduardo Coudet. O Racing era um time de altos percentuais de posse de bola, atrás apenas do River, que sempre é o de maior posse na Argentina — explica o jornalista argentino.
Sistema tático
Em seus trabalhos no Nacional-URU e no Talleres, Cacique Medina sempre teve o sistema com linha de quatro defensores como base. À frente deles, o treinador costuma usar dois volantes e também não abre mão de ter dois jogadores abertos pelos lados do campo. A preferência é de que esses atletas sejam atacantes velocidade, com capacidade de drible e também infiltração na área.
É no homem mais próximo do centroavante que Medina mais variou em seus trabalhos. No Nacional chegou a usar dois atacantes em um 4-4-2, mas também montou a equipe no 4-2-3-1, sistema usado ao longo do seu trabalho no Talleres, iniciado em junho de 2019 e finalizado neste mês.
Medina usava o sistema 4-2-3-1 no Talleres:
Ao longo desses dois anos e meio no Talleres, Medina precisou lidar com mudanças constantes no elenco, algo que gerou desgaste com a diretoria em alguns momentos. Em sua primeira equipe, ele usou o meia Tomás Pochettino - negociado com o Austin-EUA, no começo deste ano. Sem um jogador de característica parecida, o treinador adaptou para a função central do meio Carlos Auzqui, um atacante que costumeiramente atuava pelo lado do campo.
— Medina usava no Talleres dois pontas bem agressivos, principalmente no lado direito, o Diego Valoyes. Na esquerda era o Esquivel, lateral que virou ponta. Ele costumava ir mais para a linha de fundo enquanto o Valoyes entrava mais na área pelo outro lado. O centroavante é peça importante para disputa dessa primeira bola na saída da longa. O meia exerce uma função que o Taison pode fazer — explica Gabriel Corrêa, analista do Footure.
Forma de defender
Um dos pontos que fez o Inter se interessar por Medina foi a marcação alta que ele costuma fazer durante muitos momentos da partida. Quando não conseguia agir dessa forma, o Talleres recuava para marcar em duas linhas de quatro deixando o meia central ao lado do centroavante. A partir da roubada de bola, o Talleres buscava acelerar rápido a transição, de forma parecida com a que o Inter fazia com Diego Aguirre.
Quando defende perto da área, Medina procuro manter bastante congestionada a faixa central do campo tentando obrigar seus adversários para atacar pelos lados. Para isso, é importante que sua dupla de zaga seja boa no jogo aéreo para defender os cruzamentos rivais.
Como o Talleres se posta para defender no seu campo:
Forma de atacar
Medina varia a forma de tentar chegar ao gol em ataque direto e posicional. No posicional, quando o adversário está organizado defensivamente e marcando no seu campo, o treinador vinha usando uma saída de três no Talleres. Esse movimento era feito com o lateral-direito Tenaglia junto aos zagueiros. Nesse momento, Valoyes, o extrema da direita, ficava responsável pela amplitude pelo lado direito com o lateral esquerdo Enzo Díaz avançando pelo outro lado. Com isso, o extrema da esquerda, Ángelo Martino, costumava se aproximar do centroavante Michael Santos, assim como Carlos Auzqui, o meia central.