Aquela história de que um Gre-Nal arruma ou desarruma a casa não se aplicou em 2021 do lado colorado. Depois de ganhar do Grêmio e fazer uma grande festa no Beira-Rio, o Inter parece ter dado por encerrado o ano. A sequência daquele clássico veio acompanhada de um relaxamento, ao qual foram somados dois fatos importantes: a saída de Óscar Tabárez da seleção uruguaia, que tem Diego Aguirre como candidato natural ao cargo, e o áudio de Paulo Paixão, enviado a um amigo e posteriormente vazado, que analisava jogadores da equipe e sugeria trocar alguns para a próxima temporada. Foram sete compromissos depois daquele 1 a 0 sobre o rival, e apenas uma vitória.
O que diferiu, desta vez, a análise do mau momento após mais uma derrota, agora para o Atlético-GO, foi que, finalmente, houve admissão pública do diagnóstico que já era feito nos bastidores: o Inter tratou o Gre-Nal como final de campeonato, relaxou após a vitória, balançou com o interesse uruguaio em Aguirre e não soube administrar a crise após o áudio de Paulo Paixão.
— Todas as avaliações que tivermos de fazer serão feitas após o término da competição. Imagina se quiséssemos tirar algum jogador agora ou a comissão técnica, qual efeito teria de benéfico para o próximo jogo? Nenhum. Todos sabem disso. Então, esse momento de profunda reformulação será no final do campeonato — disse o vice de futebol Emílio Papaleo Zin.
Aguirre, sobre o famigerado áudio do ex-coordenador de preparação física, declarou:
— Bem não fez. Mas não temos que encontrar desculpas. Aconteceu e foi um momento ruim. Mas precisamos deixar para trás. Foi uma situação difícil, que pode ter afetado o funcionamento do grupo.
O foco que dirigente e treinador pediram na última partida, contra o Bragantino, ficou cada vez mais difícil. Primeiro porque já está claro que Aguirre não permanecerá em 2022. Em entrevista coletiva, o presidente da Associação Uruguaia de Futebol, Ignacio Alonso, afirmou que o novo treinador da seleção celeste deve ser definido na próxima semana. Eles ainda sonham com Marcelo Gallardo, do River Plate, mas o acerto está cada vez mais difícil. Aguirre é a opção mais próxima.
Com esse cenário, o Inter trabalha para achar um novo treinador. A tendência é de que o substituto do uruguaio seja um argentino, já que, entre os nomes preferidos, estão Juan Pablo Vojvoda, do Fortaleza, Eduardo Domínguez, do Colón-ARG, Sebastián Beccacece, do Defensa y Justicia-ARG, e Hernán Crespo, ex-São Paulo.
A outra análise, já unânime e há muito conhecida, é a da falta de opções. O famoso "grupo curto". Essa, porém, é mais difícil de resolver. O Inter não tem dinheiro em caixa para buscar reforços. Assim, terá de usar a criatividade, envolver jogadores em trocas. A intenção da direção é elaborar um orçamento para 2022 com ainda menos investimento do que em 2021, devido à crise financeira. Porém, os maus resultados no Brasileirão pressionam para que o volume de gastos seja um pouco maior.
O nome mais próximo do Beira-Rio é o do volante Andrey, 23 anos, que está em fim de contrato com o Vasco. A ideia é que o atleta seja o primeiro volante titular da equipe. Outra prioridade é a busca por ponteiros. Para esta função, são observados os meia-atacantes Savarino, 25 anos, do Atlético-MG, e Marlos, 33 anos, de saída do Shakhtar Donetsk.
Antes de agregar, porém, há profissionais que precisam sair. Jogadores em fim de contrato, como Marcelo Lomba, Lindoso, Moisés e Saravia, não devem permanecer. A mudança de fotografia começará a ser vista a partir de quinta-feira.