Em pouco mais de dois anos, Milena Barreto de Oliveira, mais conhecida como Mileninha, viu sua carreira deslanchar com a camisa do Inter. De joia das categorias de base, a meia-atacante se tornou um dos destaques do time profissional aos 18 anos. Já em 2021, é uma das afirmações da equipe sub-20 da Seleção Brasileira feminina.
Tudo começou ainda na categoria sub-16, quando a atleta foi peça fundamental na conquista do título da Libertadores da categoria. Anotando quatro gols, a dona da camisa 10 foi eleita a melhor atleta da competição internacional. Na categoria sub-18, conquistou o vice-campeonato brasileiro e chamou a atenção do técnico Maurício Salgado, que tratou de alçar a jovem para o time principal.
Nesta temporada, conquistou o seu espaço durante a disputa do Brasileirão Feminino, onde foi titular em oito jogos, além de entrar em outras oito partidas. Foi vice-artilheira do time na competição, anotando seis gols. Em entrevista a GZH, Milena destacou como a recepção do grupo ajudou na sua adaptação, além de poder fazer dupla de ataque com Fabi Simões, uma de suas inspirações.
— Não foi um processo tão difícil. As meninas que já estavam me acolheram muito bem e tiveram paciência por conta da transição. Passaram conhecimento e me ajudaram muito. É muito bom jogar ao lado de uma pessoa referência, que já teve passagem em grandes clubes incluindo a Seleção. Ela me ajuda bastante, procuro absorver tudo de bom que ela consegue me passar.
No primeiro ano com o time principal, a camisa 17 vive a expectativa pela conquista do Gauchão Feminino. O time está na fase de semifinais e disputa com o Brasil de Farroupilha a vaga para chegar até à finalíssima. Até aqui, foram cincos gols e uma assistência no estadual.
— Nós estamos muito animadas pra essa semifinal. Precisamos brigar ainda mais visando o nosso objetivo e, assim pensar na final, que é onde queremos estar.
A premiação com o título pode carimbar um ano de conquistas também com a Seleção Brasileira de base. O principal destaque foi na Data FIFA de outubro, quando foi peça fundamental nas vitórias do Brasil sobre o Paraguai. Logo no primeiro jogo, deixou a sua marca e participou das jogadas dos outros cinco gols, na goleada por 6 a 0, em Assunção.
Representar a seleção de base é uma sensação muito boa, mostra o quanto o trabalho está sendo visto
MILENINHA
Atacante do Inter
No jogo seguinte, diante do mesmo adversário, o primeiro gol saiu após o rebote da conclusão da atacante colorada. Cris foi quem aproveitou a sobra da defesa da arqueira paraguaia. O placar de 2 a 0 foi fechado com Luany.
O bom desempenho apresentando na seleção de base, sob o comando do técnico Jonas Urias, já faz Mileninha sonhar com uma possível oportunidade no time principal de Pia Sundhage.
— Trabalho pelo objetivo de chegar lá, com certeza dá para sonhar com uma vaga. Representar a seleção de base é uma sensação muito boa, mostra o quanto o trabalho está sendo visto. É algo que não tem preço.
Categorias de base podem fazer a diferença na modalidade
Apesar de ser uma etapa que faz parte da formação de atletas, as categorias de base no futebol feminino ainda estão longe de ser uma realidade em todos os clubes do Brasil. Somente a partir de 2019, a CBF estabeleceu um calendário com competições sub-16 e sub-18. Além disso, falta estrutura para que os times consigam montar seus times.
O Inter é um exemplo positivo dentro deste cenário. Na retomada do departamento de futebol feminino, o clube apostou no trabalho a longo prazo com o desenvolvimento das categorias sub-18, sub-16 e sub-14. Além dos títulos nacionais nas categorias sub-18 e sub-16, o clube tem revelado atletas "feitas em casa".
Para Mileninha, no perceptível crescimento e na evolução da modalidade no Brasil, a base precisa ser um aspecto fundamental na formação de atletas.
— A base faz parte da formação de uma atleta, faz parte do processo ter a base. É mais do que fundamental para a evolução de ambos. A evolução já apareceu dentro de campo, os jogos são bem parelhos sempre, isso mostra a evolução e o crescimento da modalidade.