Só o líder do Brasileirão, Atlético-MG, tem campanha melhor do que o Inter no segundo turno. Após sete jogos, o time de Diego Aguirre somou 16 pontos, um a menos do que o Galo, dois a mais do que o Flamengo. Só cariocas e mineiros marcaram mais gols — 14 a 12. Inter e Atlético-MG empatam em gols sofridos, quatro para cada lado.
Os números mostram que o trabalho do uruguaio "deu liga". O Inter achou uma maneira de jogar e mesmo quando foi derrotado, para o próprio Atlético-MG, desempenhou um futebol consistente. Faltam ainda 13 partidas até o fim da competição (o duelo com o Bragantino, adiado do primeiro turno, será no dia 21), mas o caminho para buscar uma vaga direta à Libertadores 2022 está pavimentado. A seguir, apresentamos cinco razões para o bom momento colorado:
Fase de Yuri Alberto
Verdade que o time todo tem feito boas partidas, mas o que Yuri Alberto apresenta em campo vai além de "jogar bem". O centroavante vive uma fase esplendorosa, assumiu a liderança entre os goleadores do Brasileirão e está decidindo os confrontos. Fez 10 gols nos últimos 11 jogos, sendo seis em dois deles (Flamengo e Chapecoense).
Para efeitos de comparação: no segundo turno, fez, sozinho, o mesmo número de gols do Atlético-GO e mais do que Fortaleza, Bahia, Santos e Ceará. E com tudo isso, fez uma autocrítica sobre sua última atuação, na qual marcou um gol no último minuto.
— Sei que não foi dos meus melhores dias, mas sempre vou correr e acreditar até o final por essa camisa — escreveu em suas redes sociais.
Crescimento de Patrick
Possivelmente nem a Yuri Alberto tenha feito tanta diferença a presença de público no Beira-Rio como fez a Patrick. Sim, o centroavante tem aproveitado, comemora com a galera, tira fotos e tudo. Mas ele já tinha feito três gols em um mesmo jogo outras vezes, era já um dos artilheiros do time mesmo com as arquibancadas vazias. Patrick, não. O Pantera era o alvo preferido das reclamações dos colorados nas redes sociais. No primeiro compromisso após a volta do público, foi vaiado quando teve o nome anunciado pelo sistema de som.
Ele mesmo tratou de dar a volta por cima. Com uma dedicação que havia tempo não era vista, cresceu nas partidas. Teve o esforço recompensado com dois gols diante do América-MG.
— É bom quando os jogadores mostram seu valor dentro do campo — declarou Diego Aguirre, sobre Patrick.
Fator local
O 3 a 1 sobre o América-MG marcou a quinta vitória seguida do Inter dentro de casa. Antes, havia vencido Fluminense (4 a 2), Fortaleza (1 a 0), Bahia (2 a 0) e Chapecoense (5 a 2). Depois de um começo com dificuldades em casa, Diego Aguirre conseguiu repetir a fórmula de 2015, quando fazia de seu estádio uma fortaleza. E ganhou um importante aliado: nos dois jogos em que pôde comparecer, a torcida ajudou. Ora com incentivo e ora com murmúrios, os colorados nas arquibancadas de uma forma ou de outra deixam os jogadores mais ligados.
— É uma satisfação diferente, a gente estava comentando, é de arrepiar a torcida gritar nosso nome. Dá uma motivação a mais — disse o lateral-direito Heitor.
Defesa mais sólida
No primeiro turno, nas primeiras seis rodadas, o Inter havia levado 11 gols. No segundo, pegando o mesmo recorte, são quatro. A melhor defesa dessa segunda etapa de competição, empatada com o Atlético-MG, ainda merece um desconto: metade desses quatro gols saiu no confronto contra a Chape, depois de o placar apontar 5 a 0.
Com a fixação de Dourado e Lindoso, na proteção a Cuesta e Bruno Méndez (agora substituído por Mercado), o time ficou mais sólido atrás. E quando passa pelos dois, Daniel garante alguns resultados. Mesmo quando falha, como diante do América-MG, acha tempo para se recuperar e fazer defesas importantes como a que executou ainda no primeiro tempo, evitando a virada.
Consolidação do sistema
Passado pouco mais de um turno sob comando de Aguirre, é possível afirmar que o Inter tem uma cara. Há torcedores e analistas que gostam, há quem não goste. Mas a forma está lá. O time tem uma formação base, que varia entre o 4-4-2 e o 4-2-3-1, dependendo do posicionamento de Taison, que por vezes atua como meia de ligação e, em outras, é segundo atacante.
Defende em duas linhas de quatro, com apoio dos jogadores das laterais e proteção dos volantes. E, com a bola no pé, não se importa em valorizar a posse ou reter o jogo: o negócio é atacar, de preferência em alta velocidade. Os contra-ataques com Yuri Alberto, Taison e Edenilson mostraram-se ferramentas importantes e decidiram confrontos.
Lindoso e Dourado conseguiram se adaptar para jogar juntos e Johnny, ao menos diante do América-MG, também deu boa resposta. E quando não teve Edenilson, Mauricio cumpriu bem a função a ponto de Aguirre dizer, em tom de brincadeira, que o time nem tinha sentido saudade do jogador da Seleção.