Se havia esperança de que uma semana para trabalhar pudesse dar algum sinal de melhora no Inter, a partida contra o Cuiabá frustrou tudo. Diante de um adversário direto na luta para fugir do Z-4, no Beira-Rio, o time de Diego Aguirre produziu menos do que o visitante, ficou no 0 a 0 e não conseguiu se afastar da parte de baixo da tabela. Agora, recomeça o período sem jogos precisando se preparar para enfrentar o Flamengo, no Maracanã.
A situação está próxima do dramática no Brasileirão, com os adversários de trás cada vez mais próximos. E a falta de evolução preocupa o próprio Aguirre:
— Eu esperava um rendimento melhor e imaginava que as coisas boas, que vínhamos apresentando, poderíamos repetir hoje. Foi o que falamos na palestra, temos de confiar, e não achar que as coisas não estavam bem, somente por resultado. Mas, hoje (sábado), isso mudou, porque não pudemos manter algumas coisas que vínhamos apresentando. Temos que seguir adiante e pensar no próximo jogo, mas, obviamente, ficamos preocupados, porque o time não pôde mostrar um bom futebol.
Além do desempenho do time, há outros aspectos a serem administrados, especialmente nos gabinetes. Um deles é a respeito da pressão da torcida. Antes do jogo, na saída do ônibus para o Beira-Rio, jogadores foram xingados e ouviram cantos de protesto. Dourado e Galhardo foram os alvos preferidos.
— Às vezes, temos de entender o torcedor também, que está decepcionado com os resultados, com as coisas que não aconteceram. Vamos assumir que poderíamos ter feito alguma coisa melhor, mas não posso falar mais do que isso. Tem coisas que acontecem, que é normal em time grande, como os torcedores cobrando — comentou Aguirre.
Único jogador a falar após a partida, Boschilia concordou com os protestos:
— A torcida está certa de cobrar. A gente não vem tendo bons resultados. Então é trabalhar com essa pressão para reverter isso. Só trabalhando que a gente vai mudar essa situação.
Além da pressão do público, há também um ambiente fervilhante interno. São pelo menos quatro grupos políticos que emitiram notas públicas pedindo mudanças no futebol. Os movimentos desejam as trocas de João Patricio Herrmann e Paulo Bracks.
Para não dizer que tudo é notícia ruim, o técnico ganhou um reforço mais cedo do que imaginava. Guerrero se recuperou e foi até titular diante do Cuiabá, mesmo com visíveis problemas de ritmo de jogo.
— Quando me perguntaram, na semana passada, sobre o Guerrero, eu achava que não, que não estaria pronto, mas, na segunda-feira, o Departamento Médico do Inter me disse que ele poderia retornar, normalmente. Apresentou uma semana boa, falou que estava bem, que poderia jogar, mas não mais do que 45 minutos. No entanto, se sentia bem e queria começar.
O peruano terá, diante do Flamengo, seu ex-time, a chance de recuperar seu futebol. A partida poderá marcar também a estreia de Mercado, que será inscrito na segunda-feira. Oportunidade também para o grupo, e o projeto da direção, de dar uma resposta em um ano que promete ser duro.