Pela primeira vez desde que assumiu o Inter, há 36 dias, Diego Aguirre terá uma semana para trabalhar. Claro que a razão para isso é ruim, e ele nem teve a ver: o calendário se esvaziou porque o time foi eliminado da Copa do Brasil, ainda quando Miguel Ángel Ramírez era o comandante. A queda na Libertadores, já sob a batuta do uruguaio, também foi decisiva para isso.
A folga no calendário permitirá ao treinador, enfim, dar sua cara ao time. O técnico teve menos treinos com tempo (aqueles que não envolvem pré e pós-jogos) do que partidas e tentou passar suas ideias mais na base da conversa do que no campo mesmo.
Mas antes de dar esse passo, o da afirmação tática, o grupo cuidará da questão física. Haverá uma recuperação dos atletas, que, assim como boa parte dos clubes da Série A, não tiveram férias, e, no caso colorado, emendaram 27 jogos seguidos entre meios e finais de semana, de 20 de abril até domingo passado. Paulo Paixão e Fernando Piñatares controlarão os profissionais e tentarão melhorar suas condições.
Isso, é claro, sem descuidar das partes tática e técnica. Aguirre costuma dizer que não trata os setores separadamente, mas sabe que a questão física é primordial para o futebol de alto rendimento.
No aspecto técnico, finalizações receberão atenção especial. Veio do próprio treinador a definição sobre a necessidade de melhorar a pontaria e aproveitar as chances fartamente criadas nas partidas. Por mais que o aspecto emocional conte para as tomadas de decisão em campo, é consenso entre os especialistas que treinar, repetir e acostumar o corpo ao movimento ajuda na hora do jogo.
— Seguramente as coisas vão melhorar rapidamente e acharemos as vitórias que estamos precisando e merecendo — disse o treinador na entrevista coletiva.
Vinícius Mello receberá atenção especial. Ele receberá uma oportunidade de começar como titular diante do Cuiabá, já que Thiago Galhardo e Yuri Alberto estão suspensos. Aos 18 anos, o atacante tem entrado apenas em minutos finais das partidas e até mostrou algumas virtudes. A ideia no Inter é de que, com tempo, poderá ter mais tranquilidade para apresentar o futebol que o fez subir da categoria sub-20 mesmo aos 18 anos. Ele vem se destacando nos treinos e recebe elogios internos de Aguirre. Juan Cuesta, que fez um dos gols no empate em 2 a 2 do Gre-Nal pelo Brasileirão da categoria ontem à tarde, também será mais observado.
Taticamente, o desafio é ter o repertório, especialmente ofensivo, que Aguirre mostrou conhecer em 2015. E que até apareceram em alguns momentos. Mais especificamente sobre a velocidade. O treinador gosta de ter um time com linhas mais baixas que saia rapidamente para o contra-ataque. Diante da Chapecoense, essa característica até foi vista. Mas depois, com a queda de rendimento defensivo, o treinador abandonou essa ideia e priorizou estancar os gols sofridos.
O treinador mencionou também que retornos importantes, como Taison e Boschilia, mais a chegada de Mercado, darão nova "hierarquia" ao time. Quando teve mais opções, de fato, o Inter jogou melhor, como no Gre-Nal.
Claro que há o outro lado. Com tempo para trabalhar, também aumentará a cobrança sobre técnico e atletas. A justificativa do desgaste excessivo, compreendida até agora por dirigentes, não poderá ser mais utilizada, e qualquer resultado diferente do esperado pode aumentar a pressão.
Próximos jogos
- 31/7 — Inter x Cuaiabá
- 8/8 — Flamengo x Inter
- 15/8 — Inter x Fluminense*
- 22/8 — Santos x Inter*
*A confirmar dias e horários, mas será no final de semana porque essas equipes estão nas competições sul-americanas