Alguém postou nas redes sociais a frase que resume o momento da dupla Gre-Nal: a alegria do gremista é ver o Inter jogar, a alegria do colorado é ver o Grêmio jogar. Essa semana, então, foi o fundo para os dois times. Dos oito brasileiros que disputaram as oitavas de final de Libertadores e Sul-Americana entre terça e quinta-feira, só os representantes de Porto Alegre foram eliminados (falta ainda o Fluminense, que já tem uma vantagem confortável).
Mas o que explica tamanha queda? Os dois clubes foram vice-campeões brasileiros há pouco mais de cinco meses (Inter do Brasileirão, Grêmio da Copa do Brasil), investiram para reforçar os times e praticamente não perderam peças, têm estruturas de primeira e contam com atletas importantes no cenário sul-americano, e até mundial. Elencamos quatro problemas a serem resolvidos pelo Inter.
1) Troca de técnicos e falta de convicção
A chapa de Alessandro Barcellos, durante o período eleitoral, não escondeu de ninguém que trocaria Abel Braga por Miguel Ángel Ramírez quando a temporada 2021 começasse. Porém Abel, depois de um começo ruim, emendou a maior sequência de vitórias do Inter em todos os tempos no Brasileirão e só não foi campeão porque Edenilson estava 20cm adiantado e teve o gol do título anulado por impedimento. A campanha, portanto, deixou uma sensação de segurança no time.
A chegada de Ramírez, com uma proposta completamente diferente, não deu o resultado imediatamente. E por mais que houvesse promessa pública de que não se tratava de um projeto do técnico, mas do clube, não houve convicção na hora de defendê-lo, após a perda do Gauchão e a queda da Copa do Brasil. Chegou Diego Aguirre, com outro estilo, e, sem tempo para treinar, tenta retomar uma forma de jogar na base da conversa. Se contar com Osmar Loss, técnico interino por algumas semanas, o Inter teve quatro treinadores em cinco meses.
2) Contratações que não deram certo até agora
É preciso fazer justiça: a promessa da campanha de Alessandro Barcellos está sendo cumprida. O Inter gastador, que abria a torneira para para comprar jogadores medianos e mais velhos, não existe mais. As contratações feitas pela gestão têm um certo modelo. São atletas desvinculados ou jovens com potencial de revenda. Desde fevereiro, o clube assinou com Taison e Mercado, ambos sem contrato, Palacios e Paulo Victor _ considerados promessas que poderão ser repassadas no futuro _ e Bruno Méndez, emprestado do Corinthians sem custos, a não ser os salariais.
O problema é que a resposta deles não têm sido a esperada. Bruno Méndez à parte, os dois que o Inter investiu, Palacios e e Paulo Victor ainda não se firmaram. Taison, por mais que faça boas partidas, ainda não contabiliza gols ou assistências. E Mercado nem conseguiu estrear por causa da janela de transferências.
3) Perda de desempenho de peças importantes
Patrick, ao final do Brasileirão passado, fez uma postagem bem-humorada, quando soube que não estava na seleção do campeonato: "Será que eu jogo vôlei?". Fixado na ponta esquerda, ele realmente se destacava, com dribles e gols, e até teve nome ligado a times do Exterior. Mas o Patrick 2021 parece fora de forma. Saiu da partida diante do Olimpia aos 30 minutos do primeiro tempo. Além dele, outros jogadores que se destacaram na temporada passada estão longe daquela forma. Nos últimos dois meses, somados, Thiago Galhardo e Yuri Alberto têm apenas um gol a mais do que o volante Rodrigo Dourado, por exemplo.
O desafio de Aguirre será recuperar esses jogadores, porque não haverá reposição ou contratação para substituí-los.
4) Preparação física
Publicamente, o discurso é de que os jogadores estão bem e que não há desgaste em excesso. Mas fontes de dentro do Inter apontam: os atletas estão esgotados. Claro que os demais times também demonstram cansaço, mas para os colorados, a temporada 2020 acabou, de fato, no último instante da última partida. Não houve férias adequadas porque existia a necessidade de adaptar o time ao novo treinador. E esse junção de calendários está pagando o preço.
Como agora resta apenas o Brasileirão, em tese haverá tempo para recuperar os atletas e prepará-los melhor para os desafios que virão. E também para pensar em um planejamento melhor para que não se repita o cenário em 2022.