Talvez nem todo torcedor entenda a importância histórica do atual momento para o Inter. Em termos de gestão, talvez a reformulação de conceitos promovida pela administração de Fernando Miranda nos anos 2000 e a decisão de Giovanni Luigi de não reformar o Beira-Rio por conta própria – uma aventura que teria liquidado com o clube – se igualem a esse período.
São tempos de encruzilhada: o caminho a ser tomado vai determinar o futuro. Um eventual agravamento da gigantesca dívida de R$ 600 milhões que pesa sobre o Beira-Rio não vai impedir conquistas apenas neste ano ou no próximo. Pode tirar do Colorado o status de clube de ponta no país. Poderíamos virar, sei lá, um Tricolor (calma, gremista, estou falando do Santa Cruz de Recife).
Pode-se criticar o presidente Alessandro Barcellos pelos resultados ruins do time, e cobrar um melhor rendimento em campo mesmo com poucos pilas no bolso. Mas, em relação ao que disse sobre a importância de não aumentar ainda mais o rombo financeiro apenas para agradar o torcedor mais imediatista, está coberto de razão até o último fio dos poucos cabelos.
Cenário lembra anos 2000
A situação atual lembra o começo dos anos 2000, quando o então coordenador João Paulo Medina disse que o time só voltaria a conquistar títulos seis anos mais tarde, depois de acertar o caixa e implantar conceitos mais modernos de gestão. A torcida ficou fula. Ninguém gosta de ouvir verdades tão duras. Mas, em 2006, todos sabem o que houve.
A verdade difícil de engolir, hoje, é de que o título para o Colorado em 2021 será permanecer na Série A enquanto acerta as contas. Ou o Inter liquida as dívidas, ou as dívidas liquidam o Inter.