Há uma constatação que transcendeu os bastidores do Beira-Rio e chegou aos microfones: o Inter está cansado. A sequência de jogos, viagens e pouca recuperação, comuns aos times que disputam as competições continentais e o Estadual, pesou no time. E causa reflexos claros: em três dos últimos quatro jogos, os colorados levaram um gol depois dos 40 minutos do segundo tempo.
Além do diagnóstico do esgotamento, há ainda o risco de lesões pelo desgaste. É por isso que Miguel Ángel Ramírez deve promover substituições na equipe que enfrentará o Olimpia na quinta-feira. Até sete substituições em relação ao time do último Gre-Nal são cogitadas.
— A sequência de partidas pesa as pernas. Nos últimos minutos, não podemos trocar todos. Jogar tão seguido, é óbvio que pesa. Pesam as pernas e a cabeça. Não se permite que se pense com clareza — disse o treinador na última entrevista coletiva.
Para ilustrar a explicação do técnico, diante do Deportivo Táchira, na Venezuela, veio o exemplo mais nítido desse cansaço. O gol de empate dos adversários saiu a 13 minutos do fim e teve origem em um drible no qual Moisés não conseguiu nem sequer reagir à investida do oponente.
Nos cinco jogos realizados em maio, entre os jogadores de linha, seis superaram os 300 minutos em campo. Três (Cuesta, Moisés e Dourado) atuaram praticamente todo o tempo. O argentino deve ser o único titular do trio na partida do Paraguai. A tendência é de um time bastante modificado na relação com o que esteve em campo na Arena. No treino de ontem, Ramírez deu oportunidade a diversos jogadores e misturou bastante as peças ao longo dos trabalhos táticos.
Saravia, que ainda se ressente de mais ritmo de jogo, deve atuar no lugar de Rodinei. Heitor se recuperou de lesão, viajará ao Paraguai, mas tem o mesmo problema do argentino, por isso inicia no banco. Na defesa, Zé Gabriel que soma aos minutos em campo atuações criticadas, deve dar lugar a Lucas Ribeiro, ainda que Pedro Henrique também tenha participado da atividade. Cuesta, apesar de ter jogado todo o tempo de todos os jogos, será mantido. A ideia é que ele coordene as ações na defesa já que Moisés, um dos que mais acusaram a sequência, também deve ficar na reserva.
Rodrigo Dourado, que só não jogou os últimos 10 minutos da partida na Venezuela, também deve ser preservado. E aí entra uma novidade: Johnny. Caso se confirme sua presença, será a primeira partida como titular do volante naturalizado norte-americano. Seu último jogo foi a goleada de 5 a 0 sobre o Esportivo, na rodada derradeira da primeira fase do Gauchão. Foram 26 minutos em campo.
Apesar do longo tempo de inatividade, pairam sobre ele grandes expectativas da direção e do treinador. Lindoso, que seria a primeira alternativa, tende a ficar no banco. Ele desperta interesse de outros clubes e pode entrar em negociações. Edenilson e Taison serão seus parceiros, para dar mais sustentação ao retorno.
Na frente, Thiago Galhardo, mais de 300 minutos em campo em maio, deve dar lugar a Yuri Alberto como centroavante. Ele será ladeado por Caio Vidal, que voltará a começar uma partida como titular depois de um mês, e Carlos Palacios.
Com mais jogadores descansados e dando mais possibilidade de recuperação a outros para o Gre-Nal da Arena, o Inter vai ao Paraguai para evitar complicar definitivamente sua classificação na Libertadores. E, depois, tentar uma reviravolta no clássico para voltar a ser campeão. Ou, no mínimo, não ser mais derrotado com gols nos instantes finais.
Minutos jogados em maio
- Cuesta - 450 minutos
- Moisés - 450 minutos
- Dourado - 440 minutos
- Zé Gabriel - 355 minutos
- Edenilson - 322 minutos
- Thiago Galhardo - 308 minutos
- Rodinei - 289 minutos