Miguel Ángel Ramírez apresentou contra o Deportivo Táchira uma novidade que há semanas vinha sendo aguardada pelo torcedor do Inter. Escalou, desde o início do jogo, Yuri Alberto e Thiago Galhardo juntos no ataque. A dupla já havia dividido alguns momentos no campo, mas sempre com um entrando no decorrer da partida. Na quinta-feira (11), os dois completam os 90 minutos na derrota pela Libertadores.
Mesmo que Galhardo tenha marcado o gol que abriu o placar na Venezuela, em cobrança de pênalti, as estatísticas mostram que os dois foram poucos participativos. Cada um teve 42 toques na bola, o menor número entre todos os titulares, e nenhum conseguiu um drible. Galhardo foi melhor nas finalizações, com três certas e uma errada, enquanto Yuri teve três erradas e uma certa — a melhor delas, após cruzamento de Moisés, quando acertou cabeçada perigosa.
Colunista especializado em tática no site ge.globo e apresentador de um quadro no SporTV, o jornalista Leonardo Miranda acredita que as estatísticas dos atacantes reflitam as dificuldades de criação do meio-campo colorado. Ele aponta que o Deportivo Táchira passou a controlar as ações do jogo a partir do pênalti convertido por Thiago Galhardo.
— O centroavante geralmente é o que joga mais avançado, mais perto dos zagueiros. Ele participa da marcação, mas não volta tanto para buscar o jogo, recebe a bola dos meias, que já criaram e superaram a primeira linha de marcação. Isso (os números de Galhardo e Yuri) mostra como o Inter foi incapaz de superar a marcação nesse jogo específico — analisa.
Miranda não acredita que os dois artilheiros do time no último Brasileirão tenham problemas para jogar juntos. Apesar de ter sido adaptado à função de centroavante sob o comando de Eduardo Coudet, Thiago Galhardo fez carreira jogando mais recuado, como meia. Foi assim que destacou-se por Vasco e Ceará antes de chegar ao Beira-Rio. O jornalista acredita que as características dos dois são complementares, já que Yuri Alberto, este sim, é um camisa 9 de ofício.
— O Galhardo é muito mais armador, uma espécie de ponta de lança, que joga atrás do centroavante e entra no espaço deixado por ele. E o Yuri é um camisa 9, mas muito móvel, que gosta de atacar o espaço. Tanto que com o Abel Braga ele fez um excelente segundo turno (no Campeonato Brasileiro), justamente porque nos contra-ataques tinha espaço para fazer aquelas diagonais — destaca o analista.
Para o clássico Gre-Nal do próximo domingo (16), pela final do Gauchão, a tendência é de que Yuri Alberto fique no banco de reservas. Thiago Galhardo deve ter a companhia de Carlos Palacios e Mauricio outra vez. Pelo que Miguel Ángel Ramírez fez em seu trabalho anterior, Leonardo Miranda não acredita que o treinador vá fixar uma dupla como titular.
— O Ramírez já mostrou no Del Valle que gosta bastante de rocar o elenco. O calendário brasileiro está muito apertado, e talvez a ideia de ter uma dupla fixa no restante do ano não seja tão viável. Imagino que ele vá pensar em soluções dentro da dinâmica dessa dupla, talvez às vezes com o Caio Vidal fazendo o papel do Yuri, mas sempre para complementar características.
Por se tratar de um início de trabalho, onde as oscilações são consideradas normais, ele acredita que os dois devem voltar a jogar juntos em outros momentos. Mas aponta que o jogo contra o Táchira, quando tocaram pouco na bola, deixou lições para os próximos testes.
— Pode ser que nas próximas oportunidades eles recebam mais passes ou que tenham de se movimentar mais. Pode ser que tenha faltado mais movimentação desses atacantes para buscar a bola — pondera.
Números da dupla contra o Deportivo Táchira
Yuri Alberto
- Toques na bola: 42
- Dribles: nenhum
- Passes: 14 certos e 3 errados
- Finalizações: 1 certa e 3 erradas
Thiago Galhardo
- Toques na bola: 42
- Dribles: nenhum
- Passes: 12 certos e 7 errados
- Finalizações: 3 certas e 1 errada