Mauricio Magalhães Prado nem tem 20 anos ainda, mas já recebeu um dos maiores elogios que um jogador pode ouvir: foi chamado de craque por seu treinador. Foi um combustível para o meia que chegou ao Inter em novembro do ano passado, em uma negociação que envolveu o pagamento de R$ 1,2 milhão mais a cedência dos direitos de Pottker ao Cruzeiro. Mauricio tem contrato com o Inter até o final de 2025.
Com passagens pela base da seleção e destaque nas categorias sub-18 e sub-20, o jogador ainda não tinha recebido muitas oportunidades. Dos 11 jogos em que entrou em campo, foi titular em quatro. Mas a última aparição, contra o Caxias, que teve duas assistências em pouco mais de meia hora, rendeu as palavras que que alimentam a esperança de um 2021 de sucesso para o jovem paulistano.
Cotado para enfrentar o São José, às 20h desta quarta-feira, e dar mais um passo na direção da confiança do técnico, o jogador conversou com a reportagem.
Depois do jogo contra o Caxias, Miguel Ángel Ramírez disse: "Mauricio é craque, vai ser top". Que moral, hein?
Fiquei muito feliz com o elogio dele, já estou trabalhando há um bom tempo aqui no Inter, isso me motiva a trabalhar, buscar meu espaço mas sem mudar o que sou, humilde, com os pés no chão. Sei que o elogio é importante, assim como a crítica, e de quem vive o dia a dia do clube.
Já tinha recebido um elogio desses que não tivesse vindo de um familiar (risos)?
(Risos) Não esperava por essa, ainda mais que foi meu primeiro jogo com ele, fiquei muito feliz. Também gostei da minha atuação, mas agora já temos outro jogo importante.
Que posição você prefere jogar?
Sou meia de origem, mas consigo jogar tanto por dentro quanto pela ponta direita. Na ponta esquerda tenho mais dificuldades, mas ainda consigo ajudar o time.
Prefere a que terminou o jogo (contra o Caxias), então, depois que entrou o Yuri Alberto.
Isso, porque o Yuri foi fazer a ponta e eu recuei para a meia.
Mudou muito o sistema com a chegada do Ramírez?
Trabalhei com o André Jardine na seleção, a proposta deles é bem parecida, faz mais meu estilo, com pressão alta, de sempre ter a bola, é um jogo bem posicionado que me favorece. Já vinha acostumado com isso na seleção. Agora estou me adaptando porque tem algumas coisas diferentes, então todos estamos aprendendo e estamos no caminho certo.
O Jardine é considerado referência mesmo, entre os brasileiros, no jogo de posição. Chegou a falar com ele?
Por isso eu tinha uma noção. A seleção é mais difícil mesmo por causa do tempo curto, sem preparação, vai mais com o conhecimento dos jogadores, na base da conversa. Conversávamos com ele sobre o jogo, gostamos disso, tenho muito carinho.
Como tem sido a adaptação a Porto Alegre?
Minha adaptação foi muito rápida. Todos foram muito atenciosos desde o primeiro dia, todos se dispuseram a me ajudar, procurar lugar para morar, trazer minha família. E não só os jogadores, mas também os funcionários. Isso foi importante. Não sabia nada daqui, só tinha vindo jogar uma vez. O Yuri, que eu já conhecia, deu uma força. Mas só fui jantar fora poucas vezes, esse período de pandemia não dá para fazer nada. Tenho pais, avós, então aumento os cuidados.
Achou um lugar legal para morar, quem veio contigo?
Não tenho filho, não sou casado, isso é coisa mais para a frente, sou muito jovem, tem tempo para pensar nisso. Minha namorada passa um tempo aqui comigo, está fazendo faculdade e trabalha online, estamos conseguindo conciliar. Moro com meus pais.
Vi nas fotos das redes sociais que você jogava desde que era muito criança. Como o futebol apareceu na sua vida?
Comecei muito cedo, tenho dois irmãos mais velhos. Meu pai levava os dois para jogar futebol e eu não tinha escolha, ia junto. Mas eu era mais novo, só me deixavam brincar depois que acabava o treino. Só depois, comecei em Pirituba, ainda com os mais velhos pois não tinha minha categoria. Consegui um teste no SP quando tinha 11 anos, passei. Fiquei lá quatro anos, fui dispensado, fiquei um tempo só treinando, daí achei o Desportivo Brasil, consegui jogar bem, fui emprestado para o Cruzeiro. Chegamos à final da Copa do Brasil sub-20. Depois subi para o profissional, fui comprado. E veio o que vocês sabem.
Próximo passo é Europa?
Com certeza, todo jovem tem desejo de jogar na Europa, mas meu foco é totalmente no Inter. Tenho sonhos e desejos aqui.
Quais são os jogadores que gosta de ver?
Tenho ídolos, caras em que me espelho. O Messi, por exemplo. Mas não tem como copiar um cara assim. Tem o Neymar, nosso craque brasileiro. E teve o D'Ale. Fiquei pouco tempo com ele, mas as coisas que ele fazia em campo e no treino... eu ficava observando e pensava: "Pô, olha o que ele faz, joga muito".
Também tem imagens surfando. Você pega onda mesmo ou é só para postar foto de prancha? (risos)
Eu surfo mesmo! Na verdade, meu irmão é que é surfista, ia todos os finais de semana para a praia. Como a gente é de São Paulo, tem praia perto e a gente tem casa lá, e ele ia surfar. Como eu tinha que jogar, o calendário ficava muito apertado. Mas quando dava onda e eu estava lá, aproveitava.
Agora não está conseguindo, imagino.
O calendário está muito apertado, não dá também para sair, fazer esforço.