O Inter está atrás de um coordenador técnico. Depois de negociar e não se acertar com Pedrinho e Tinga, o clube colocou a cargo do novo gerente executivo, Paulo Bracks, a procura por um nome para a vaga. Abel Braga concedeu entrevista ao programa Show dos Esportes nesta quinta (14) e descartou assumir este desafio na próxima temporada.
— Pela minha cabeça isso passa. Um ou outro clube já me questionou se eu gostaria de assumir este cargo quando eu parar de treinar. Mas quando eu parar. Não vão me parar com outro cargo. Não é por aí. Quando eu decidir, deu. Mas eu já posso te adiantar, não vou ficar treinando mais do que dois anos depois deste Brasileiro. Não sei. A ideia é essa. No momento, pode ser até que eu venha tomar esta decisão. Mas sou eu quem vai tomar esta decisão, não vai ser por convite. Eu que tenho de saber a hora de parar — explicou o treinador.
Neste caso, se o Inter confirmar o acerto com Miguel Ángel Ramírez, Abel deverá procurar outro clube para dar seus últimos passos como "dono da casamata". Depois disso, ele não descarta retornar ao Beira-Rio em outro cargo.
Entretanto, uma coisa mexe com o atual técnico. Ele está muito próximo de ultrapassar Teté e se tornar o treinador que mais comandou o clube colorado na história. Para Abel, este feito supera até mesmo os títulos da Libertadores e do Mundial.
— Não sei precisar como eu vou me sentir. Mas eu posso ser sincero. Eu fui uma peça de uma grande engrenagem que foi a conquista da primeira Libertadores e do título do Mundial. Só que eu me tornar o treinador que mais treinou este clube centenário, gigante, que eu gosto e eu adoro... Quando eu jogava no Vasco, não saía depois do jogo com os meus colegas, mas com os meus colegas de faculdade. Os maiores amigos que eu fiz no futebol foi aqui em Porto Alegre. Não dá para imaginar o que vai acontecer. Ser o técnico que mais treinou o Inter vai ser mais importante para mim. Vai ser maior do que tudo. Esse clube tem mais de cem anos — argumenta, ao lembrar nomes que passaram pelo Inter:
— No meu primeiro título, tinha Edu Lima, Maurício, Nilson, Flores, muita gente. O Aguirregaray com aquela perna que parecia um alicate (risos). O Casemiro... Tudo aquilo que aconteceu, eu fui uma engrenagem. Não foi o Abel que ganhou, eu só estava junto. Agora, eu ser o cara que mais treinou,. Isso não tem preço. Tomara que papai do céu não me pregue nenhuma peça até o final. Depois eu perco um jogo ou outro e sou despedido (risos). Pelo amor de Deus! Se isso acontecer, vou ajoelhar e dizer: "Me deixa terminar aqui, pelo amor de Deus!" Esse vai ser o maior troféu. Vai simbolizar tudo aquilo que eu fiz até hoje no Inter.
Abel Braga ainda avaliou o clássico Gre-Nal que se avizinha, no próximo dia 24. Segundo o treinador, é preciso tranquilizar o elenco sobre o jejum de vitórias sobre o rival e tirar o time de Renato Portaluppi da "zona de conforto".
— Participar de um Gre-Nal é sempre muito bom. Um dos grandes motivos de não estar conseguindo ganhar do grande rival é o fato de estar entrando pilhado com a necessidade excessiva de vencer. Nos últimos clássicos que eu vi, o Inter estava muito intranquilo para querer vencer e o Grêmio muito à vontade. Para melhorar a performance, tem de ter equilíbrio. Depois, não pode deixar uma equipe da qualidade do Grêmio, bem treinada e trabalhada pelo Renato, ficar numa zona de conforto. Eles estão muito tranquilos dentro do jogo e nós temos que atrapalhar isso aí um pouquinho — avaliou.