A primeira vitória do Inter de Abel Braga no Brasileirão (e no Beira-Rio) foi também a primeira virada colorada desde o Gauchão. Mas talvez não seja isso o que ficará gravado na memória no 2 a 1 sobre o Botafogo. O lance do gol decisivo, marcado por Yuri Alberto, entra na história das trapalhadas do futebol nacional e deu os três pontos para a equipe gaúcha, que termina a 25ª rodada ainda no bolo da zona de classificação à Libertadores 2021.
Yuri Alberto, protagonista da jogada, deu sua versão sobre a lambança do adversário:
— A partir do momento que ele (Kevin, lateral do Botafogo) parou a bola e bateu para o goleiro, olhei e corri. O Galhardo me disse: "Corre, corre, finaliza, depois a gente vê". Daí chutei e fiz o gol.
A trapalhada botafoguense se transformou em três pontos para o Inter, o que fez Abel Braga comemorar na entrevista coletiva. Segundo ele, a vitória o faria apreciar mais o vinho que pretendia beber à noite e devolvia a equipe ao grupo de cima:
— Temos de brigar por tudo aquilo que é possível. Não estamos em um clube comum. Nosso grupo sabe o que significa conquistas. Todos deram índice alto no ck (teste de sangue que identifica cansaço e possibilidade de lesão), mas ninguém quis ficar fora. Isso é louvável. O importante era vencer para se manter no bolo. Conseguimos. Era muito tempo sem vencer e agora voltamos a nos encontrar com a vitória. O resultado era muito mais importante do que a atuação.
Para o futuro, o treinador indicou que pretende voltar a contar com Praxedes, ausente em razão da convocação para a seleção sub-20. Na visão de Abel, o meia deu "liga" tanto nos movimentos defensivos quanto nos ofensivos.
Mas o tema que dominou a repercussão da partida foi, mesmo, a eleição. O treinador tratou de despistar sobre seu futuro. Questionado pela permanência, já que a nova direção, que será eleita na terça-feira, assume o clube a partir de 1º de janeiro, e o contrato da atual comissão técnica encerra-se no final da temporada, em fevereiro, respondeu:
— Essa pergunta não é para mim. Primeiro que sou apolítico. Sou amigo. Tenho identidade enorme com esse clube e com esses torcedores. Quero ser sempre mais uma pecinha nessa engrenagem. Tenho contrato até fevereiro. Não sei se quem for eleito vai querer continuar comigo. Meus amigos me falaram que eu era maluco por pegar. Maluco? O Inter está precisando de mim. Você não imagina o quanto essa vitória me fez bem.
O treinador garantiu que não houve qualquer interferência do debate político no vestiário. Afirmou estar "à vontade, trabalhando com naturalidade", e elogiou os candidatos que, para ele, "estão colocando o clube em primeiro lugar".
Rodrigo Caetano, diretor-executivo, tem contrato que se encerra em 31 de dezembro. Como não foi procurado por Alessandro Barcellos nem por José Aquino Flôres de Camargo, entende que não deve renovar o vínculo. Ele reconheceu desejo de permanecer, dizendo acreditar em "continuidade" no âmbito profissional e o fato de ser gaúcho, assim como sua família, na questão pessoal.
— Por mais que meu contrato esteja por se encerrar, nunca pensei em sair. Pelas últimas semanas, parece que é esse o futuro. Sou um profissional de mercado e estou esperando os movimentos dos candidatos para ver o que vai acontecer. Se for o desejo terminar, vai ser do mesmo jeito que foi até hoje, com o mesmo nível de comprometimento, de profissionalismo. A eleição ocorre essa semana. Se o candidato vencedor quiser minha permanência, vamos conversar. Se não quiser, vou entregar os relatórios, como sempre.
O Inter entra em campo novamente no sábado, para enfrentar o Palmeiras. Mas o compromisso mais relevante será na terça-feira, dia da eleição.