A passagem de Eduardo Coudet pelo Beira-Rio chegou ao final. Após 11 meses de trabalho à frente do Inter, com um período de paralisação por conta da pandemia de coronavírus, o técnico apresentou situações positivas, mas algumas negativas também.
GZH aponta três erros e três acertos no trabalho do argentino, que deixa o clube após 46 partidas, com um aproveitamento de 61,5%.
Deu errado
Ausência de variação tática
Ao desembarcar em Porto Alegre, Coudet fez com que os atletas se adaptassem ao sistema tático 4-1-3-2, utilizado por ele nos seus trabalhos anteriores, em Rosario Central e Racing. Porém, com o decorrer da temporada, foi enfrentando dificuldades com desfalques, seja pelo desgaste da sequência de partidas, lesões ou suspensões. O problema é que, mesmo desfalcado, e com alguns jogadores tendo dificuldades para se encaixar no modelo de jogo, ele não variou o esquema, muitas vezes improvisando atletas em funções que não eram as deles. A mais gritante de todas foi a utilização de D'Alessandro como atacante.
Arquivamento de Moledo
Titularíssimo desde seu retorno, em 2018, Rodrigo Moledo amargou o banco de reservas durante muito tempo. Primeiro, perdeu a vaga para Bruno Fuchs. Com a venda deste para o futebol russo, viu o volante Zé Gabriel formar a dupla de zaga com Víctor Cuesta.
O argumento utilizado para sua saída era de que os outros dois qualificariam a saída de bola pelo chão, com a troca de passes desde a defesa — mesmo que os jovens cometessem falhas neste quesito em algumas partidas. Além disso, a bola aérea defensiva passou a ser uma fragilidade do Inter.
Insistência com Musto
Comandado por Coudet no Rosario Central e no Tijuana, do México, o volante Damián Musto chegou ao Beira-Rio por indicação do treinador. Por isso, seria natural que começasse a temporada entre os titulares. O treinador chegou a escalá-lo junto com Rodrigo Lindoso no meio-campo, principalmente na fase preliminar da Libertadores.
Com o passar do tempo, se percebeu que o time ficava mais leve sem ele. Mas, mesmo estando no banco, o volante argentino era sempre uma das primeiras alternativas do treinador no decorrer das partidas.
Deu certo
Jogo propositivo
O argentino conseguiu modificar um cenário que parecia imutável no Beira-Rio. Nos últimos dois anos, sob o comando de Odair Hellmann, toda vez que a equipe se apresentava fora de casa, jogava atrás da linha da bola, com linhas muito baixas, priorizando a defesa e jogando no contra-ataque. Com Coudet, o Colorado passou trabalhar melhor a bola (com pequenas exceções de algumas apresentações), tendo mais posse que seus adversários até mesmo em partidas como visitante. Além disso, transformou Edenilson e Patrick, que até então eram volantes defensivos, em meias ofensivos.
Descoberta de Thiago Galhardo
Contratado pelo Inter como meia-atacante, Thiago Galhardo passou a ser escalado no setor ofensivo. Primeiro, foi um segundo atacante, complementando o centroavante Paolo Guerrero. A partir da lesão do peruano, foi usado como referência do ataque e não decepcionou, transformando-se no goleador do Brasileirão e, consequentemente, do elenco.
Promoção de jovens
Desde o retorno da Série B, em 2017, as categorias de base do Inter deixaram de render jogadores para o elenco profissional como antigamente. Coudet deu mais oportunidades a jovens, como Bruno Fuchs, que acabou sendo a maior venda da temporada. Também foram lançados Zé Gabriel, Heitor, Johnny, Praxedes e João Peglow. Embora nenhum deles seja unanimidade, há uma mudança de perspectiva para o futuro próximo.