Um Inter que pareceu não entender o que mudou com a troca de comissão técnica, oscilando em momento de marcação no campo de ataque com recuo de linhas (muitas vezes ao mesmo tempo, o pior cenário possível taticamente) precisará olhar para dentro para reagir na Copa do Brasil. Havia esperança na estreia de Abel Braga, principalmente por sua mística e pela memória de 2006. Mas era puro pensamento mágico.
Antes do jogo, o treinador colorado foi sincerão ao repórter Leonardo Mûller, da RBSTV:
— Deu tempo de aprender o nome de metade do grupo.
E carismático, como sempre:
— Sei que algumas pessoas não gostam que eu diga isso. Mas é lindo esse estádio. Uma pena não ter a torcida ao lado.
O problema para o Inter é que quem apareceu mais foi o Abel ainda conhecendo os jogadores e menos o Abel milagroso. Tanto que, em seu primeiro jogo, fez algo pouco comum: colocou e tirou o mesmo jogador, Peglow, prova de que não tinha noção do que podia render na vaga de Patrick.
Inclusive tratou de defender o garoto antes de qualquer dúvida:
— Depois do treino de quem ia jogar, acompanhei os outros e fiquei encantado com ele. Perguntei quem era, me contaram. Peglow não tem 200 minutos no profissional. Hoje, sentiu um pouquinho. Tentei sair do óbvio. Estava muito fácil para o nosso adversário. Amanhã (quinta-feira), vou conversar com ele e vai ter toda a minha moral.
Abel fez o que se esperava de um personagem tão importante na história do Inter. A começar por servir de escudo, assumindo culpas que talvez nem sejam dele.
— Se tivesse ganhado o jogo, eu mesmo falaria que quem ganhou seria o time do Coudet. Mas tenho minha responsabilidade nas derrotas — falou.
Reconheceu que faltou marcar mais em cima, pressionando a defesa do América-MG, o que, em sua visão fez o time mineiro ter jogado melhor e até poder conseguir vantagem maior. Também afirmou que buscará alternativas para o time não trocar tantos passes entre os zagueiros, arriscando mais ofensivamente. O treinador confirmou que Patrick sentiu uma lesão muscular e que será desfalque contra o Santos, no sábado (14). Muito provavelmente estará fora do jogo da volta contra o América-MG, em Belo Horizonte.
O único jogador a falar na saída, Thiago Galhardo, admitiu que o time não conseguiu se adaptar às mudanças que vieram naturalmente com a troca da comissão técnica:
— Muda o treinador, mudam os pensamentos. Não tem como se adaptar em 24 horas. Com o Coudet tivemos a pré-temporada. Aqui ainda não. Não tem nada perdido, vamos tentar buscar lá. Tive chance de fazer gol na bola aérea, senti o time nervoso. Normal, as coisas mudam, e vamos mudar para melhor na hora certa.
Talvez Abel até ganhe tempo para treinar mais, se o jogo contra o Santos for adiado em razão do surto de covid-19 na equipe do litoral paulista. Mas independentemente disso, a resposta precisará ser dada daqui a uma semana, contra o América-MG. Caso contrário, o treinador que recebeu o time na liderança do Brasileirão e classificado em Copa do Brasil e Libertadores já terá uma competição a menos para aumentar a pressão no clube.