O Inter vive uma instabilidade técnica. Desde a saída de Eduardo Coudet, o desempenho caiu e os resultados não vieram. Em cinco partidas sob o comando de Abel Braga, o time conquistou apenas uma vitória, justamente na eliminação na Copa do Brasil para o América-MG. Fora isso, mais um empate e três derrotas. Assim, surgem questionamentos sobre o novo treinador e por isso GZH convocou os comentaristas para avaliações do momento atual do time colorado.
Abel Braga se sustenta no Inter até o final da temporada?
Sempre depende de resultados. Até agora tem três jogos no Brasileirão sem vitória. Tem uma eliminação na Copa do Brasil. Se for eliminado na Libertadores já estará correndo riscos.
Há anos o Inter troca de técnico. Já teve de todos os conceitos táticos e modelos de jogo, inclusive estrangeiro. Mesmo assim, não ganha. Por um motivo: o problema não é o técnico, mas o próprio Inter. Se Abel começar a vencer, como acontece com todos os outros, ficará até o fim da temporada. Do contrário, penso que ele mesmo terá grandeza para pedir para sair, pela relação enorme e intocada que ele sempre terá com o clube.
Penso que sim. Só há uma razão para a saída prematura de Abel Braga. Se o presidente eleito em 15 de dezembro, Alessandro Barcellos ou José Aquino Flôres de Camargo, quiser antecipar o projeto da nova gestão do futebol e já colocar o próximo treinador do Inter para fazer um trabalho a longo prazo, começando ainda em 2020. Somente dessa forma explicaria a substituição de Abelão por outro profissional na atual conjuntura. Trocar por trocar seria voltar à política do mandato tampão, algo que já deu muito errado em 2019.
Creio que sim, porque tirá-lo antes seria uma aventura imprevisível. Até coronavírus atrapalhou o início de Abel. O melhor a fazer é deixá-lo trabalhar.
Eu sou contra a imprensa fomentar a discussão sobre queda de treinadores. Ao meu ver esse é um dos elementos que acaba sendo decisivo para que tenhamos essa cultura ultrapassada que estabelece a insana troca de técnicos no futebol brasileiro. Abel Braga não deveria ter sido contratado e isso passa estritamente pela questão técnica, Abel representa um retrocesso tático na comparação com Coudet e, além disso, Abel não deveria ter sido submetido a essa efervescência política que coloca uma série de incertezas sobre o futuro do clube e que atingiu em cheio o vestiário. Por toda a sua história de identificação e idolatria com o torcedor, Abel deveria ter tido a sua imagem preservada. Foi essa mesma efervescência política que acabou sendo preponderante para a decisão de Eduardo Coudet deixar o clube. Coudet foi desgastado e fragilizado internamente e Abel chegou em meio a esse ambiente. Se vai seguir até o final da temporada é uma questão que passa muito mais pelo imediatismo que pauta as decisões no futebol brasileiro do que propriamente pelo projeto, algo que faltou no momento do Inter pensar no sucessor de Coudet.