Eduardo Coudet surpreendeu, em sua entrevista coletiva, ao final de Inter 2x0 Vasco, no domingo (18). O treinador deixou claro que pode preservar alguns jogadores para o confronto com a Universidad Católica, na quinta-feira (22), pela Libertadores. Para ser mais preciso, sua frase foi:
— Tudo é possível. Temos de ver aquilo que é melhor, quem chega melhor. Ir preparando o time para cada jogo. Amanhã (referindo-se à reapresentação de segunda-feira) vamos ter um parâmetro para ver como estão todos, como se recuperaram do jogo. E com isso, vamos preparar uma equipe que a gente entenda ser conveniente.
Os treinos ainda fechados em razão da pandemia impedem uma visualização da situação de cada jogador, mas já se sabe dos retornos de Heitor e Musto, que aumentam as ofertas para o comandante. Presença mais certa é Cuesta. O zagueiro levou terceiro cartão amarelo no Brasileirão e está fora da partida do próximo domingo (25). Assim, segue normalmente na equipe no jogo de quinta-feira.
Saravia e Guerrero à parte (os dois só voltam no ano que vem), Coudet deve ter mais três desfalques: Moisés precisa cumprir mais um jogo de suspensão pela briga no primeiro Gre-Nal, Boschilia está em fase final de recuperação de lesão muscular e Yuri Alberto se apresentou na seleção brasileira sub-20. Entretanto, o treinador terá a volta de Edenilson, que cumpriu as três partidas de punição pela confusão no clássico. A equipe fará outros dois treinos, um nesta terça-feira (20) e um quarta-feira (21), antes de viajar para Santiago. Até lá, o treinador definirá quem joga.
Rodar o grupo faz parte de qualquer cenário no futebol. A rotina de jogos a cada três ou quatro dias obriga os treinadores a mexer nas equipes e até a resistência que havia de certa parcela de analistas e torcedores começou a ser reduzida pela realidade. Domenéc Torrent, técnico do Flamengo, por exemplo, foi ironizado pela prática, mas ganhou defesa de Everton Ribeiro, jogador da Seleção:
— É um período de jogo atrás de jogo. Esse é um jeito que não é muito comum aqui no Brasil, mas vem dando certo e a gente tem que seguir forte. É um campeonato longo.
Entre os times que estão em mais campeonatos, como Inter, Flamengo, Grêmio, São Paulo, Palmeiras, Athletico-PR e Santos, o rodízio é ainda mais flagrante. Mas mesmo o Atlético-MG, um dos integrantes do topo do Brasileirão, que já foi eliminado das demais competições, mexe bastante na equipe a cada jogo.
A última vez que o Inter teve uma semana inteira entre um jogo e outro foi de 22 a 29 de agosto, quando enfrentou Atlético-MG e Botafogo em dois sábados. Não há ainda previsão de quando isso voltará a ocorrer, já que depende do desempenho do time na Libertadores e na Copa do Brasil.
Sendo assim, não é surpresa mexer na equipe. O que parece ser a novidade é a escolha da Libertadores para isso. O torneio é obsessão, muitas vezes considerado a prioridade máxima da temporada. A maior parte dos treinadores opta por preservar no Brasileirão, que tem 38 rodadas.
Mas o cenário atual deixa compreensível a escolha, na visão do músico Rafael Malenotti, torcedor colorado integrante do programa Sala de Redação, da Gaúcha. O Inter está na liderança, por pontos, do Brasileirão. No domingo, enfrenta o Flamengo, atual campeão, que tem a mesma pontuação. Um confronto direto, por tanto. Na Libertadores, a equipe está com a vaga encaminhada. Só será eliminado se perder para a Universidad Católica (lanterna do grupo e sem chances de avançar na competição, disputa apenas o terceiro lugar, que dá vaga à Sul-Americana) e o América de Cali derrotar o Grêmio, em Porto Alegre. Além disso, os colombianos precisam tirar cinco gols de saldo.
— As decisões vão sendo tomadas conforme a necessidade. Nessa hora, imagino que pese essa "decisão" no Brasileirão, enquanto a Libertadores tem uma situação melhor. Se tem uma hora para preservar, é agora. E, pessoalmente, gostaria que o Inter ganhasse o Brasileiro. São 41 anos sem esse troféu. Batemos na trave, fomos vice cinco vezes, e esse tempo aumenta a vontade. Tomara que venha — resume.