A liderança do Inter tanto no Brasileirão quanto na Libertadores não garantem um ambiente 100% livre de críticas ou de correções a serem feitas. Isso é o próprio técnico Eduardo Coudet quem admite. Ele admitiu que há ajustes a fazer em sua equipe para que os resultados sejam mantidos e até alcançados com mais tranquilidade.
Claro que, como o treinador disse, "é melhor corrigir ganhando". Na entrevista após a partida, ele deu alguns sinais de aspectos que precisam ser melhorados, como os erros de passe ou alguns "erros conceituais", exemplificando com o fato de ter os dois laterais no campo de ataque quando o time tinha vantagem no placar já nos últimos minutos.
Dentre esses pontos, um que soa bem urgente é o da oscilação. É normal, claro, um time não manter uma linearidade durante 90 minutos. Isso é explicado pelo próprio fator humano, de nível de concentração, capacidade física, reação do adversário etc. Mas é que a curva do Inter, para cima e para baixo, tem sido acentuada demais.
Especificamente sobre o jogo contra o América de Cali, Boschilia justificou, em entrevista ao programa Seleção SporTV:
— Fizemos dois gols rápido, o que fez parecer que o jogo estava fácil, mas estava difícil. Libertadores é assim. Pisca os olhos, as coisas complicam. Tomamos um gol, e em vez de ficar com a bola, tentamos atacar e levamos outro. Ficou um jogo de ataque e contra-ataque. Temos de corrigir para terminar o jogo com tranquilidade.
Para Júlio Oliveira, narrador do SporTV, que trabalhou na última partida colorada no Brasileirão, o time carece de peças de reposição:
— A oscilação está ligada à escalação. Pega o jogo contra o Goiás, o Coudet queria uma coisa mas o time não conseguia. O time estava condicionado a jogar de uma maneira e não se adaptou para mudar na velocidade que a partida exigia. O time não conseguiu fazer a leitura de que o jogo tinha mudado. Falta elenco para fazer as mexidas.
A juventude também pesa. Como Coudet incluiu garotos na equipe, como Johnny, Zé Gabriel, Nonato e Praxedes, por exemplo, alguns deles podem sofrer os efeitos da falta de experiência.
— Temos muitos jovens, alguns que estiveram pela primeira vez no banco. Temos que repetir muitas coisas, sempre temos que melhorar — analisou o treinador.
Montanha-russa
Fluminense 2x1 Inter — Brasileirão (3ª rodada — 16/8)
A saga de oscilação do Inter teve o primeiro capítulo mais claro na terceira rodada do Brasileirão. O time vinha de duas vitórias e tinha tudo para seguir a boa campanha diante do Fluminense de Odair Hellmann. Fez 30 minutos excelentes, abriu o placar com Guerrero e dominava a partida até Cuesta falhar e cometer pênalti. Na segunda etapa, a equipe não se encontrou mais e perdeu de virada.
Inter 3x0 Atlético-GO — Brasileirão (4ª rodada — 19/8)
Na rodada seguinte, a mudança de comportamento foi ao contrário. A equipe, recheada de reservas, começou desligada, e o Atlético-GO, no Beira-Rio, teve um gol anulado por impedimento e perdeu chances claras. Voltou do intervalo completamente diferente, abriu o placar, com Musto, e nem a expulsão de Pottker antes dos 15 minutos mexeu no comportamento. Final: 3 a 0.
Inter 2x2 Bahia — Brasileirão (8ª rodada — 6/9)
Para se isolar na liderança, o Inter enfrentava o Bahia e estreava o novo terceiro uniforme no Beira-Rio. Vinha de um empate contra o Palmeiras, tendo feito e sofrido gol nos acréscimos. O time começou mal e precisou levar um gol para se animar. Então viveu seus melhores minutos, buscando a virada e criando chance para virar. Então Rodinei cometeu pênalti aos 50 do segundo tempo e o Bahia empatou e depois quase virou.
Inter 2x0 Ceará — Brasileirão (9ª rodada — 10/9)
O primeiro tempo do Inter contra o Ceará foi sonolento ofensivamente. O time teve pouca criatividade e sofreu defensivamente. Mesmo com muitos desfalques, o adversário levou perigo e, ainda que não tenha marcado, fez a zaga e o goleiro colorados trabalharem bem mais. A partir do gol de Thiago Galhardo, aos 44 minutos, a equipe gaúcha se tranquilizou e dominou completamente o segundo tempo.
Inter 4x3 América de Cali — Libertadores (3ª rodada — 16/9)
A retomada da Libertadores também mostrou o melhor e o pior do Inter. O time que sufoca o adversário apareceu em boa parte do primeiro tempo. Do gol antes do primeiro minuto ao terceiro, pouco depois de o América descontar, a equipe de Coudet teve uma atuação exemplar. No segundo, caiu de rendimento e permitiu o empate dos colombianos e até chance de virada. Mas Boschilia fez nos acréscimos o gol da vitória.