O Inter identificou no mercado internacional o possível substituto de Paolo Guerrero. Centroavante de 1m85cm, convocações para a seleção e participação em Copa do Mundo: a descrição poderia ser do próprio camisa 9 colorado, mas é de Abel Hernández, o atacante cotado justamente para repor a perda do peruano. A diretoria do clube gaúcho abriu negociações com o uruguaio de 30 anos.
Além de se encaixar no perfil buscado pelo Inter, Hernández apresenta um requisito fundamental: está livre no mercado, o que permite sua inscrição e utilização imediata por Eduardo Coudet, mesmo que a janela de contratações para o Brasil esteja fechada. Seu último clube foi o Al Ahli, do Catar, com quem cumpriu contrato até o fim do mês de junho.
Apelidado de “La Joya” pelos uruguaios, Abel foi revelado pelo Central Español, de Montevidéu. Após realizar poucos jogos pelo Peñarol, foi comprado pelo Palermo, da Itália. Jogou também pelo Hull City, da Inglaterra, e CSKA Moscou, da Rússia, antes de se transferir para o Oriente Médio. Ele tem passagens pela seleção uruguaia e disputou, inclusive, a Copa de 2014, no Brasil.
— Teve altos e baixos na carreira. Seu melhor momento foi no Hull City. É jogador de bom posicionamento dentro da área e com bons recursos para finalizar. É canhoto, mas também chuta bem de direita. No jogo aéreo é normal, não é sua principal característica, mas o faz bem. Agora, faz muito tempo que não o vejo, mas se destacava também pela velocidade — avalia Alfonso Irrazabal, jornalista da Rádio Nacional, da capital uruguaia.
Outro ponto que contribui para a negociação é que o atleta é agenciado por Pablo Betancourt, que há bem pouco tempo também conduzia a carreira do atacante uruguaio Nico López, hoje no Tigres-MEX.
— Minha ideia, obviamente, é ir a uma liga mais competitiva. Fui para o Catar para me reencontrar como jogador, porque estava na Rússia, onde não me dei bem, não joguei tantos minutos quanto havia pensado — declarou o próprio Abel, em maio, ao canal de TV Teledoce, do Uruguai.
— Então, fui a um lugar onde poderia jogar e me sentir jogador. Agora, vou esperar o mercado de transferências e tentar outro lugar — disse o jogador, que neste ano disputou apenas seis jogos, o último deles em março.
Natural de Pando, cidade distante 30 quilômetros de Montevidéu, Hernández surgiu como profissional no final dos anos 2000.
— Não tenho dúvidas sobre sua capacidade. Pode ser o substituto (de Guerrero). Tem definição e velocidade. É muito forte mentalmente. Classe A — avalia o técnico Mario Saralegui, que pediu sua contratação pelo Peñarol em 2008.
Lesões
Convocado para seleções de base e chamado até para os Jogos Olímpicos de Londres 2012, o jogador iniciou sua trajetória na seleção principal do Uruguai em 2010. Esteve presente em três Copas América (sendo campeão em 2011) e no Mundial de 2014, disputando duas partidas. Participou de 28 jogos com a camisa celeste e marcou 10 gols. Sua última convocação foi em 2017, durante as Eliminatórias para a Copa na Rússia.
— É um atacante que faz gols, de definição e potente jogo aéreo. Não brilhou na seleção porque teve grandes atacantes com quem competia, como Suárez e Cavani. Abel Hernández foi sempre o primeiro suplente dos dois. Por isso, não teve mais minutos na seleção, mas sempre esteve nos planos do técnico Óscar Tabárez — avalia Ernesto Farias, jornalista da Rádio Universal, de Montevidéu.
Aos 30 anos, o centroavante busca retomar um espaço que foi perdido muito por conta de lesões. No Palermo, onde fez dupla com Cavani, sofreu uma ruptura dos ligamentos do joelho direito em 2012, que o deixou de molho por 180 dias. Período semelhante de afastamento foi vivido na Inglaterra, em 2017, quando passou por cirurgia no tendão de Aquiles.
— Se não tiver problemas de saúde, pode ser importante no Inter — finaliza Farias.
Números
2006-2008 – Central Español (Uruguai)
30 jogos e 9 gols
2008-2009 – Peñarol (Uruguai)
8 jogos e 3 gols
2009-2014 – Palermo (Itália)
122 jogos e 36 gols
2014-2018 – Hull City (Inglaterra)
110 jogos e 39 gols
2018-2019 – CSKA Moscou (Rússia)
15 jogos e 3 gols
2019-2020 – Al Ahli (Catar)
18 jogos e 8 gols
Seleção uruguaia
28 jogos e 10 gols
Média na carreira: 0,33 gol por jogo