Correção: o Ministério Público ofereceu denúncia contra sete pessoas, e não seis, como publicado entre 15h48min e 16h36min desta quinta-feira (6). O texto já foi corrigido.
O Ministério Público do Rio Grande do Sul divulgou na tarde desta quinta-feira (6) que ofereceu denúncia contra Marcelo Domingues de Freitas e Castro, que atuou como vice-presidente jurídico do Inter no biênio 2015-2016, na gestão de Vitório Piffero. Ele é acusado de estelionato, lavagem de dinheiro e por embaraçar investigação relacionada a organização criminosa. Outras seis pessoas, investigadas na continuação da Operação Rebote, irão responder por envolvimento em acordos fraudulentos, entre elas o ex-centroavante Christian, que jogou tanto no Inter como no Grêmio e hoje atua como empresário.
Os demais citados são Leonardo Laporta Costa, advogado do zagueiro Danny Morais, hoje no Santa Cruz; Henrique Gershenson, administrador de empresas; Georgio Chies, gerente de empresas; e as advogadas Sinara Farias Lorenz e Kelly Cristina Rodrigues Fonseca.
Marcelo Castro, Henrique Gershenson e Leonardo Laporta Costa
Estelionato e lavagem de dinheiro
Conforme a investigação, entre os dias 16 de julho e 26 de agosto de 2015, o então vice-presidente jurídico colorado Marcelo Castro, em acordo com Leonardo Laporta Costa, induziu o clube em erro e obteve, para si, em decorrência dessa conduta, a quantia de R$ 138,7 mil. Os denunciados combinaram e colocaram, no acordo firmado pelo Inter com Danny Morais, uma cláusula fraudulenta nesta quantia, que seria supostamente paga ao jogador, mas que acabou sendo destinada a um intermediário para, em um momento posterior, ser repassada por meio de terceiro a empresas administradas pelo próprio Castro.
Embaraço a investigação relacionada a organização criminosa
Ainda, segundo a denúncia, entre 31 de janeiro e 22 de fevereiro de 2018, Marcelo Castro, Henrique Gershenson e Leonardo Laporta Costa embaraçaram a investigação, levada a efeito pelo MP, sobre possível organização criminosa estabelecida na gestão do Inter, em 2015 e 2016, ao utilizar artifícios fraudulentos, como a falsificação e posterior utilização de recibo falso para tentar justificar a fraude efetivada com os acordos trabalhistas.
Marcelo Castro e Christian Correa Dionísio
Estelionato
Entre os dias 10 de junho e 7 de agosto de 2015, Marcelo Castro e o empresário e ex-jogador Christian Correa Dionísio induziram o clube ao erro nos autos de uma reclamatória trabalhista movida pelo próprio ex-atleta. Nesta ação fraudulenta, Castro, agindo em concurso com o ex-atleta, obteve para si, em prejuízo ao Inter, R$ 70 mil, em desvio similar ao que envolveu o acordo firmado com Danny Morais.
Lavagem de dinheiro
Neste caso envolvendo o ex-atleta Christian, a lavagem de dinheiro se deu por meio do gerente de empresa Georgio Chies. Para que o valor obtido de maneira ilícita não integrasse diretamente o patrimônio do ex-dirigente e nem transitasse de forma imediata por contas bancárias a ele vinculadas, Marcelo Castro incumbiu Christian a repassar os R$ 70 mil para Georgio Chies, que redirecionou o montante à empresa vinculada a Marcelo Castro.
Sinara Farias Lorenz e Kelly Cristina Rodrigues Fonseca
Estelionato
Entre 1° de abril de 2015 e 9 de março de 2016, Marcelo Castro e as advogadas Sinara Farias Lorenz e Kelly Cristina Rodrigues Fonseca, por meio de acerto prévio e da inclusão de cláusula e artifícios financeiros no contrato de prestação de serviços de consultoria jurídica ao Inter, induziram o clube em erro. Nesta ação, Marcelo Castro obteve pelo menos R$ 52,1 mil em prejuízo do Inter, ao concretizar uma espécie de "rachadinha". Dos honorários recebidos pelas advogadas, parte era direcionada ao então dirigente como contrapartida pela indicação.
Lavagem de dinheiro
Mais uma vez, era por meio do gerente de empresas Georgio Chies que o dinheiro retornava para Freitas e Castro. De acordo com o promotor de Justiça da Promotoria Especializada Criminal, Flávio Duarte: “O denunciado Georgio Chies contribuiu para a prática delituosa ao agir, de forma deliberada e combinada, como operador financeiro de Marcelo Domingues de Freitas e Castro, utilizando a conta corrente pessoal para, em um primeiro momento, receber os valores repassados por Sinara Farias Lorenz e Kelly Cristina Rodrigues Fonseca, e, ato contínuo, redirecioná-los a empresas vinculadas a Marcelo”.
Diante dos fatos, o Ministério Público ofereceu denúncia contra Marcelo Domingues de Freitas e Castro e Leonardo Laporta Costa por estelionato, lavagem de dinheiro e embaraço a investigação relacionada a organização criminosa. Henrique Gershenson vai responder por lavagem de dinheiro e embaraço a investigação relacionada a organização criminosa. Christian Correa Dionísio, Sinara Farias Lorenz e Kelly Cristina Rodrigues Fonseca foram denunciados por estelionato e lavagem de dinheiro. Pesa contra Georgio Chies o crime de lavagem de dinheiro.
Contrapontos
À reportagem de GaúchaZH, o ex-centroavante Christian afirmou que ele o advogado Fernando Gobbo Degani ainda estão tomando ciência da denúncia. O escritório Comunello, Mattos & Degani Advogados, que o representa neste caso, divulgou a seguinte nota:
"A defesa do ex-jogador Christian não teve acesso oficial a eventual denúncia oferecida pelo Ministério Público. Desta forma, não irá estabelecer nenhuma manifestação a respeito do mérito dos fatos. Todavia o ex-jogador e empresário nega que tenha praticado qualquer espécie de fraude".
O advogado Marcos Eberhardt, que representa o ex-vice jurídico do Inter Marcelo Domingues de Freitas e Castro, também enviou um comunicado oficial à imprensa:
"Estamos aguardando o acesso ao conteúdo da denúncia para conhecermos a acusação do Ministério Público em toda a sua extensão. De qualquer forma, assim como ocorreu na fase de investigação, seguiremos insistindo em demonstrar documentalmente que não há crimes praticados por Marcelo Castro e muito menos qualquer prejuízo gerado ao Sport Club Internacional".
Os demais denunciados e seus advogados ainda não foram localizados para apresentar seus contrapontos.