Da Libertadores de 2006 a Libertadores de 2010 o Inter viveu um ciclo, quase como se fosse aquele de um técnico treinando uma seleção para chegar a Copa do Mundo. E podemos dizer que o período foi repleto de vitórias. Entre os dois anos da conquista da principal competição do continente, o Colorado ganhou inúmeras taças, uma delas marcou bastante.
Não só por ter sido no meio das duas Libertadores, mas por ter alçado o Inter a campeão de tudo e por fazer assim que o clube fosse o primeiro brasileiro a vencer a Sul-Americana, em 2008, ao derrubar no placar agregado o Estudiantes após o empate em 1 a 1 na prorrogação no Beira Rio. Nilmar, aos oito minutos do segundo tempo do tempo extra, escreveu com o bico da chuteira seu nome e sobrenome nos livros da história colorada.
A taça que hoje repousa no museu do Beira-Rio e que garantiu a alcunha para o Inter não foi construída com facilidade e muito menos com pouca tradição. Logo na primeira fase, um clássico contra o Grêmio, depois o Boca Juniors, o Chivas, a Universidad do Chile e, por fim, o Estudiantes de Verón.
Apesar da vitória em Buenos Aires por 1 a 0 com gol de Alex, de pênalti, para quem pensava que o jogo de volta, em casa, seria mais fácil, não foi isso que aconteceu. Aos 20 minutos do segundo tempo, Alayes marcou para os argentinos. Não bastasse, os visitantes tiveram outras chances para ampliar.
— Eles estavam melhor no jogo quando fizeram o gol. A gente conversou que era melhor se fechar para segurar o resultado do que se abrir e perder. Deixamos passar aquele momeno que o Estudiantes era melhor. Na prorrogação conseguimos jogar melhor e fizemos o gol do título — recorda Marcão, zagueiro do Inter naquela partida.
O gol do título citado por Marcão desafogou as vozes dos cerca de 51 mil colorados que estavam no Beira-Rio naquele dia 3 de dezembro de 2008. D'Alessandro bateu o escanteio pelo lado direito de ataque, Danny Morais tocou de cabeça para grande defesa de Andújar, Gustavo Nery botou, meio sem jeito para o meio da área, e Nilmar empurrou para o fundo das redes. Estava posto ali o título para o Inter.
— A bola quicou no meio da área, quem tem estrela não adianta, o Nilmar merecia fazer o gol. Por tudo que ele fez naquela Sul-Americana, merecíamos o título pela nossa campanha. O Nilmar foi coroado com aquele gol na final — relembra Álvaro, jogador do Colorado à época.
A partida teve tudo que um bom apreciador do futebol gosta: raça, amor e paixão, como diz aquela música da torcida colorada. E com um final feliz para todos os torcedores do Inter do Oiapoque ao Chuí. O clube gaúcho derrotava um time que um ano depois seria campeão da Libertadores. Não havia dúvidas para quem dar a coroa de campeão de tudo. Ela era vermelha e branca.
FICHA TÉCNICA
Copa Sul-Americana
Final (volta) – 3/12/2008
INTER 1x1 ESTUDIANTES (2x1 no placar agregado)
Inter: Lauro; Bolívar, Danny Morais, Álvaro e Marcão; Edinho, Magrão (Sandro, 1'/2ºT da prorrogação), Andrezinho (Gustavo Nery, 17'/2ºT) e D'Alessandro; Alex (Taison, 34'/2ºT) e Nilmar. Técnico: Tite
Estudiantes: Andújar; Angeleri, Alayes, Desábato e Cellay; Iberbia (Perez, 20'/2ºT), Benítez, Verón (Moreno, 7'/1ºT da prorrogação) e Braña; Gata Fernández (Calderón, 24'/2ºT) e Boselli. Técnico: Leonardo Astrada
GOLS: Alayes (E), aos 20min do segundo tempo, e Nilmar (I), aos 8min do segundo tempo da prorrogação.
CARTÕES AMARELOS: Cellay, Benitez e Braña (E); Magrão, D'Alessandro, Gustavo Nery e Lauro (I).
CARTÕES VERMELHOS: Agenor (I), Braña (E) e Boselli (E).
ARBITRAGEM: Jorge Larrionda, auxiliado por Pablo Fandiño e Wálter Rial (trio uruguaio)
PÚBLICO: 51 mil pessoas
LOCAL: Estádio Beira-Rio, em Porto Alegre (RS)