O segundo clássico a ser recontado no projeto Saudade do Esporte é o Gre-Nal do Século. No próximo domingo (12), a Rádio Gaúcha revive as emoções de um jogo que deve ser sempre citado em qualquer documento que aborde a rivalidade entre Inter e Grêmio. Foram dois jogos pelas semifinais do Brasileirão cercados de histórias.
O Grêmio vinha de uma década mais imponente, com títulos de Brasileirão, Libertadores e Mundial. O Inter sofria com a famosa gangorra e não levantava uma taça desde 1984 (Gauchão). Nas quartas de final do Campeonato Brasileiro de 1988, o Colorado despachou o Cruzeiro, enquanto o Tricolor eliminou o Flamengo.
No clássico de ida, houve empate sem gols no Olímpico. O Gre-Nal decisivo no Beira-Rio terminou com vitória colorada por 2 a 1. Marcus Vinicius abriu o placar para os visitantes, mas Nilson garantiu a virada com dois gols. Foram mais de 78 mil torcedores presentes.
Classificação em dobro
A eterna demarcação posta no Gre-Nal de número 297 não foi à toa. Era um clássico que valia não só a vaga à final do Brasileirão, mas também a classificação para a disputa da Libertadores de 1989. Alcançar a glória e superar o rival cercavam as vidas de Inter e Grêmio naquele mês de fevereiro. E, por conta deste contexto, o duelo do Beira-Rio ganhou o peso que merecia: Gre-Nal do Século, alcunha batizada pelos cronistas Paulo Sant'Ana e Lauro Quadros.
O incômodo jejum
"Uma esperada revanche", dizia o texto da Revista Placar quando o Gre-Nal foi confirmado para a semifinal do Brasileirão. A matéria trazia à tona uma situação muito desconfortável para os colorados e de extrema vibração para os gremistas. O Grêmio não perdia Gre-Nal há cerca de dois anos.
Como a vitória do Inter só ocorreu no jogo da volta, foram 11 clássicos de jejum, a segunda maior invencibilidade do Tricolor na história da rivalidade. O último triunfo colorado, até então, havia sido pelo Gauchão de 1987: 1 a 0, no Olímpico, com gol de Balalo.
O goleador nunca mais visto
Meia de origem, Nilson foi transformado em centroavante justamente no Inter. Mal sabiam os colorados que ele seria o último a conseguir uma marca história no Campeonato Brasileiro. Fato é que seus dois gols marcados no Gre-Nal não só o colocaram em qualquer livro relacionado ao clássico gaúcho, mas também em uma estatística: o jogador foi artilheiro do Brasileirão, com 15 gols marcados.
Este foi o último atleta colorado a alcançar o topo dos goleadores da principal competição do Brasil. Outros chegaram perto, como Christian, Rafael Sobis e Leandro Damião, mas nenhum repetiu o feito do "Pirulito", como era chamado.