Um dos primeiros pedidos de Eduardo Coudet à direção do Inter após aceitar sair de Avellaneda e vir para o Rio Grande do Sul foi Damián Musto. O volante de 33 anos e 1m82cm é uma espécie de homem de confiança do treinador, esteve com o comandante no Rosario Central e no Tijuana-MEX. Só no Racing não trabalharam juntos. E não é apenas em questão comportamental ou de relacionamento de grupo: o treinador considera-o um dos jogadores mais adaptados ao estilo que gosta. Ainda assim, o atleta sofre críticas por ser muito faltoso.
Mas isso tudo nós já sabemos.
No início do ano, o debate foi rigorosamente o mesmo. Musto teve más primeiras partidas, acumulando cartões amarelos. Viveu seu pior momento no Gre-Nal da semifinal do primeiro turno, quando foi expulso ainda no primeiro tempo ao cometer falta em Diego Souza na linha central do campo. Depois, estava dando a volta por cima e, no clássico da Libertadores, terminou elogiado, apontado até como um dos melhores em campo. Agora, parece que voltou ao primeiro cenário.
Não é surpresa que Musto leve bastante cartões. Antes de chegar ao Inter, tinha uma média de ser advertido (ou expulso) uma vez a cada 2,2 partidas. E também parte da explicação se dá em razão de sua função na equipe.
— Ele não é violento. Joga no limite, sem má intenção. Chega forte — alertou Mariano Bereznicki, repórter do jornal La Capital, de Rosário, na Argentina, onde Musto trabalhou com Coudet pela primeira vez.
Há também outro ponto que deveria ajudar Musto a ser menos advertido, a ajuda dos jogadores da frente. O treinador colorado pede que seu time sufoque o adversário desde o setor ofensivo. Isso exige um esforço dos atacantes, que precisam reduzir o espaço e tentar roubar a bola ou pelo menos dificultar a saída.
Com a dupla Guerrero e D'Alessandro, essa intensidade é diminuída, o que acaba sobrecarregando os volantes. E desses não dá para simplesmente deixar passar. Prova disso é que Musto levou o cartão amarelo no primeiro tempo e Lindoso, que entrou em seu lugar no intervalo, também foi advertido antes dos 15 minutos da segunda etapa.
Com a bola, Musto desempenha papel de responsável por dar opção na saída de jogo do setor defensivo e, depois que chega ao meio-campo, o de se apresentar para receber mais à frente ou para fechar espaço e impedir contra-ataque. Em entrevista coletiva, explicou sua função:
— A ideia é que os meias possam entrar mais na área. Ajudo na saída de bola e na marcação para que o meia esteja livre para apoiar e se aproximar dos jogadores de frente. Vamos crescer e apresentar melhores atuações automatizando os movimentos quando perdemos a bola e nas jogadas no lado.
Na primeira parte do ano, ele precisou de tempo para ser compreendido por torcedores e analistas. Quando havia habituado a todos (inclusive do excesso de cartões...), o futebol parou. Seu desafio recomeçou, como se fosse o início da temporada.
Musto em 2020
- 11 jogos
- 817 minutos
- 0 gol
- 0 assistência
- 4 cartões amarelos
- 1 cartão vermelho
- 6 desarmes*
- 10 faltas cometidas
- 4 faltas sofridas*
- 2 finalizações
- 214 passes certos*
- *Não contabilizados os números do último jogo
Fonte: Footstats