Na lista de grandes frustrações com contratações da torcida do Inter ao longo da história, o nome de Carlos Martín Luque está presente. O argentino, que desembarcou em Porto Alegre em maio de 2014 causando alvoroço nos colorados, não conseguiu desempenhar no Beira-Rio nem depois de sua saída da Capital o futebol esperado por alguém que levava o apelido de "novo Caniggia". Seis anos depois, ele tem o futuro da carreira em dúvida após uma passagem frustrada pelo futebol de Honduras no primeiro semestre deste ano.
Com passagem pelas seleções de base da Argentina, Luque ganhou a alcunha de "novo Caniggia" pela sua velocidade. Apesar da comparação com o atacante que foi algoz do Brasil na Copa do Mundo de 1990, os números de Luque não eram tão animadores quando foi contratado pelo Inter.
Ele havia marcado apenas dois gols pelo Colón de Santa Fe. Mesmo assim, com ajuda do investidor Delcyr Sonda, o clube gaúcho pagou cerca de U$ 2,5 milhões (aproximadamente R$ 7,8 milhões à época) para contratá-lo no primeiro semestre de 2014.
— O Luque subiu ao profissional em um momento difícil do Colón e logo virou titular. O time tinha muitos jogadores jovens naquele momento e ele se destacou por ser rápido. Era um atacante que jogava pelo lado e servia o Lucas Alario (centroavante campeão da Libertadores de 2015 pelo River Plate e que atualmente defende o Bayer Leverkusen) — relembra o narrador da rádio argentina Cadena 3 Nicolás Mai.
Luque chegou ao Inter em meio ao Brasileirão de 2014, mas foi pouco aproveitado pelo técnico Abel Braga. Logo no começo de sua passagem pelo Beira-Rio, a comissão técnica justificou um deficit físico do argentino para não utilizá-lo.
Em 2015, já com Diego Aguirre, Luque seguiu com pouco espaço. Após apenas 14 partidas e nenhum gol, ele foi emprestado para o Peñarol. Depois seguiu para a Espanha para defender o Alcorcón. Ainda com contrato com o Inter, que só foi encerrado em 2018, Luque voltou ao seu país para atuar pelo San Martín, de San Juan, por empréstimo, onde jogou pouco.
— O Luque nunca se adaptou por aqui. Não se adaptou ao time e teve um rendimento futebolístico muito baixo. É um jogador com bom controle de bola, mas que não conseguiu render — cita Luis Castro, correspondente do canal Tyc Sports em San Juan.
Recomeço frustrado em Honduras
Desde que deixou o Inter, em 2014, Luque marcou apenas um gol, pelo Peñarol. Ou seja, como profissional, ele balançou as redes apenas três vezes em jogos oficiais. Depois de fracassar no Brasil, Uruguai, Espanha e na volta ao seu país, o atacante tentou recomeçar a carreira em Honduras.
Em dezembro do ano passado, Luque foi anunciado pelo Deportivo Vida como grande reforço para o Torneio Clausura de Honduras. Fora de forma, no entanto, ficou fora dos primeiros jogos da nova equipe na temporada. Com a pandemia de coronavírus, o campeonato nacional foi encerrado precocemente e Luque passou a viver um drama em solo hondurenho.
Em março, seu empresário, Rob García, disse em entrevista ao jornal hondurenho “Diez” que Luque estava vivendo em "condições desumanas" no país.
— O jogador está passando por uma situação desumana. Ele não tem dinheiro nem para pagar o supermercado, teve de pedir emprestado. O jogador tem família e até levou a filha para Honduras — contou García à época.
Luque só deixou Honduras em maio para voltar à Argentina. Seu empresário entrou com um processo na Fifa contra o Deportivo Vida cobrando a dívida pelo não pagamento dos salários e a rescisão do contrato. O jogador de 27 anos ainda não decidiu onde seguirá sua carreira.