Foi um privilégio ter vivido aquele 17 de dezembro de 2006 do Inter. Depois do sufoco que passamos na semifinal — enquanto o Barcelona desfilava na chuva e brincava com a bola, goleando o América do México —, o mundo inteiro dava como certa a vitória dos catalães contra nós. A única duvida era de quanto o Barcelona golearia.
Gremistas que não queriam ver Ronaldinho nem pintado de ouro, declararam perdão, pois precisariam estar "em paz" com o outrora "traidor" para poder tocar flauta nos colorados após a já garantida vitória em Yokohama. A certeza era tanta que sei de alguns que se reuniram numa casa na zona sul de Porto Alegre e fizeram uma paella espanhola naquela manhã de domingo. Pois é.
Só esqueceram que do outro lado havia um grupo que sabia que poderia vencer. Que representava, dentro do campo, a única torcida no mundo que acreditava naquela vitória. Um grupo tão fechado e tão diferenciado que até a maior das estrelas abdicou do protagonismo para o bem do coletivo. Neste domingo, é dia de revermos o jogo perfeito. A vitória da humildade. Da inteligência. Da justiça. Será um domingo para curtirmos da melhor forma possível, o dia mais feliz das nossas vidas.
Coincidência
Quis o destino que a data que o jogo vai ser reprisado na TV seja exatamente a mesma que perdemos nosso ídolo Fernandão: 7 de junho. Um dia que já é, naturalmente, de muita reflexão e oração de nossa torcida será — neste maluco 2020 — de muito mais emoção.