Com uma história repleta de feitos relevantes, como sugere seu hino, o Inter conquistou as principais taças dentro do Beira-Rio. Porém, isso não quer dizer que a equipe não tenha alcançado vitórias épicas longe de Porto Alegre. A partir desta semana, GaúchaZH passa a relembrar algumas das grandes vitórias coloradas fora de casa. A primeira delas recorda a semifinal do Brasileirão de 1975, quando os comandados de Rubens Minelli bateram o Fluminense, em pleno Maracanã, na caminhada rumo ao primeiro título nacional.
Antigamente, o Campeonato Brasileiro tinha um regulamento completamente diferente ao de agora. Em 1975, por exemplo, 42 times disputaram a primeira divisão. Eles se dividiam inicialmente em quatro grupos e avançavam por três fases até chegar às semifinais. Hegemônico no Estado, o Colorado chegava à etapa decisiva pela quarta vez consecutiva. O regulamento previa confrontos em partida única, com mando de campo daquele que teve a melhor campanha. Como havia ficado em segundo lugar no Grupo 2 (atrás do Santa Cruz), o Inter teria de visitar o Fluminense, líder do Grupo 1.
Treinado por Didi, ex-meia da Seleção Brasileira, o time carioca ainda possuía em seu plantel jogadores que haviam conquistado a Copa do Mundo de 1970, como o goleiro Félix, o lateral Marco Antônio e os meias Rivellino e Paulo César Caju. Por todos estes predicados, era chamado de "Máquina Tricolor" e, portanto, amplo favorito para chegar à decisão.
Admitindo a superioridade do adversário, o técnico Rubens Minelli mexeu na escalação colorada. Trocou o atacante Escurinho pelo volante Caçapava, dando-lhe a missão de anular no meia Rivellino, que gostava de aplicar o "elástico" em seus marcadores.
— Eu mostrei a ele como era o drible do Rivellino e como marcar. Eu dizia: "Ele vai levar para a direita, mas vai sair para a esquerda". Na primeira bola que o Riva pegou, deu o elástico e o Caçapa deu no meio dele. Aí ele me explicou: "Sabe o que é, Paulo? Eu fiquei na dúvida e fui no meio dele" — recordou o ídolo colorado Falcão, em entrevista à Rádio Gaúcha em 2016.
O fato é que Rivellino não brilhou como era de costume, ao contrário dos jogadores colorados. Aos 33 minutos do primeiro tempo, depois de tabelar com Falcão, o ponta-esquerda Lula invadiu a área e bateu cruzado. A bola ainda explodiu na trave antes de escorrer pelo fundo das redes.
Atrás do placar, o Fluminense voltou do intervalo com duas substituições na equipe, mas foi o Inter quem marcou outra vez. Aos 29 da segunda etapa, Jair rolou a bola para a entrada da área, de onde surgiu Paulo César Carpegiani. O meia aplicou uma meia-lua no zagueiro e tocou por cima do goleiro, com categoria. Estava decretada a vitória do Inter. Depois de emperrar a "Máquina Tricolor" no Maracanã, não seria o Cruzeiro que impediria o primeiro título brasileiro do Inter. Ainda mais no Beira-Rio.
Ficha técnica:
Fluminense 0x2 Inter
Semifinal do Brasileirão de 1975
Data: 7/12/1975
Local: Maracanã, no Rio de Janeiro
Fluminense: Félix; Toninho, Silveira, Edinho e Marco Antônio; Zé Mário (Carlos Alberto), Paulo César Caju e Rivellino; Gil, Manfrini e Zé Roberto (Cléber). Técnico: Didi.
Inter: Manga; Valdir, Figueroa, Hermínio e Chico Fraga; Caçapava, Falcão e Carpegiani; Valdomiro (Jair), Flávio e Lula. Técnico: Rubens Minelli.
Gols: Lula, aos 33 minutos do primeiro tempo, e Carpegiani, aos 29 do segundo tempo.