Até a saída de Oscar para o Chelsea, em 2012, o posto de venda mais cara da história do Inter era ocupado por Alexandre Pato. Com uma ascensão meteórica, o atacante era visto no Beira-Rio com potencial para ser o mais novo fenômeno do futebol mundial. O Milan teve a mesma percepção e, por isso, não se furtou em pagar a multa rescisória do atleta, no valor de 20 milhões de dólares (mais de R$ 37 milhões pela cotação da época). Assim, no dia 2 de agosto de 2007, com apenas 17 anos de idade, o jogador tornou-se o sexto brasileiro da equipe italiana, que já contava com Ronaldo, Kaká, Cafu, Serginho e Dida.
— Fizemos todo o esforço possível e até impossível para que o jogador ficasse até o final do ano. O Inter fez tudo aquilo que tinha que fazer, mas infelizmente não teve como mudar a posição e a determinação do clube que estava comprando — afirmou o empresário Gilmar Veloz na época da transação.
A estreia de Pato como profissional ajudou a criar tamanha expectativa. Depois de uma longa negociação para renovar o contrato de sua maior joia das categorias de base, a direção colorada permitiu que Abel Braga o escalasse pela primeira vez na penúltima rodada do Brasileirão de 2006. O resultado foi uma goleada de 4 a 1 sobre o Palmeiras, em São Paulo, com direito a gol e assistência do atacante. Em sua terceira partida como profissional, ele já era campeão do mundo com o Inter, no Japão.
Observado pelos europeus, o menino natural de Pato Branco (PR) abriu a temporada de 2007 como a principal figura do elenco colorado. Na ressaca da conquista mundial, o time acabou eliminado na fase de grupos da Libertadores e sequer chegou às finais do Gauchão. Mas Pato foi a grande figura dos 4 a 0 sobre o Pachuca, em junho, que rendeu a conquista da Recopa Sul-Americana. Os dirigentes sabiam que era praticamente impossível segurá-lo por mais tempo em Porto Alegre.
— O Pato assinou um novo vínculo conosco, de três anos, antes de ir para o Mundial. Acho difícil mantê-lo durante todo esse tempo, mas não temos só Pato, e sim um trabalho forte na base que está dando frutos sem parar — disse o então presidente colorado Vitório Piffero.
De fato, no início de agosto, o temor iria se tornar realidade. Um dia depois de assistir à derrota do Inter para o Vasco dos camarotes do Beira-Rio, o diretor-geral do Milan, Ariedo Braida, apresentou a notícia aos dirigentes: o clube italiano iria cobrir os valores exigidos em contrato. Com apenas 27 jogos e 12 gols marcados, o projeto de craque estava vendido.
O mais curioso é que, apesar da pressa dos milaneses, Alexandre Pato não poderia estrear imediatamente. Como era menor de idade, teve de aguardar janeiro de 2008 para poder entrar em campo vestido de vermelho e preto. O jogador permaneceu na Itália até 2012, até ser negociado com o Corinthians. Rodaria ainda por São Paulo, Chelsea, Villarreal e futebol chinês, sem jamais conseguir alcançar o status que lhe foi projetado. Mesmo assim, por cinco anos, foi a venda que mais rendeu dinheiro aos cofres colorados.