Mesmo sem que o tema tenha sido debatido no Conselho Deliberativo do Inter, o final do mandato e a sucessão de Marcelo Medeiros já movimenta a política colorada. A falta de uma definição de quando terminará a atual temporada determinou o surgimento da dúvida se o atual presidente poderia seguir no cargo até meados de 2021. O grupo que dirige o clube atualmente não fala diretamente no assunto, mas, nos bastidores, prefere que não se acentue um processo eleitoral em meio ao Brasileirão, cuja data de início não se sabe.
Nos movimentos de oposição não há posição firmada de nenhum grupo. Alguns nem começaram a debater o assunto e outros estão fazendo reuniões prévias com visões diferentes entre seus integrantes.
Um exemplo é o Inove Inter que tem entre seus integrantes e líderes, dois ex-vice-presidentes de futebol, Luciano Davi e Roberto Siegmann. Os encontros para discutir o assunto começarão nos próximos dias. Davi admite prorrogação de mandato, mas fala na necessidade de consulta ao associado:
— Estamos avaliando. Tudo depende muito do calendário do futebol e de questões sérias dentro do Conselho, como a chamada de uma Assembleia Geral para que haja participação do associado. Se a CBF definir que o Brasileirão irá até março, fica muito difícil fazer uma eleição em meio à temporada. Pode, não digo que deva ocorrer isto, de fazermos o processo após terminado o campeonato, mantendo o mandato de Marcelo Medeiros até lá.
Roberto Siegmann é outro a falar na necessidade da busca de Assembleia Geral e de reuniões do Conselho até para uma eventual modificação no estatuto. O ex-vice, porém, acha possível que seja mantida a data original da eleição, em dezembro de 2020:
— Pessoalmente não vejo problemas em se fazer a eleição na data prevista. Para uma alteração seria necessário um consenso no Conselho Deliberativo ou até uma mudança estatutária. Há muitos pontos para serem examinados e isto não é tão simples assim.
Considerado o grupo de oposição mais incisivo do Inter, o Povo do Clube já trata do tema entre seus integrantes. Um dos líderes do movimento, o conselheiro Ivandro Morbach é outro a citar a indefinição do calendário, mesmo encaminhando seu ponto de vista:
— Estamos debatendo entre os nossos grupos. Não sabemos como será a situação da pandemia no final do ano. Ao mesmo tempo, temos um calendário previsto. Já estamos acostumados e já atingimos um nível de maturidade que permite isolar o trabalho dentro de campo das disputas eleitorais. A princípio, consideramos que seja necessário um esforço até o limite do possível para que se mantenha o calendário conforme previsto no estatuto.
O representante do Povo do Clube prefere não se adiantar à possibilidade de o Brasileirão invadir os primeiros meses de 2021, mas ressalta uma hipótese de adequação no calendário eleitoral do clube:
— Penso que qualquer movimentação antes da readequação das competições é apressada. Se o campeonato for até janeiro, é um cenário. Se for até março, outro. Eleição em dezembro e término do campeonato em janeiro, acho viável. A única mudança seria adiar a posse em um mês se o campeonato encerrar em janeiro.
Enquanto os movimentos políticos do Inter já debatem o processo eleitoral do clube, o presidente do Conselho Deliberativo, José Aquino Flores de Camargo, já disse que é muito cedo para se falar sobre o tema no âmbito do "legislativo colorado". A tendência é de que só venha a haver uma manifestação oficial a respeito do assunto quando houver a definição de um novo calendário por parte da CBF.