O Gre-Nal 424 surge como um novo desafio para Paolo Guerrero. Principal peça ofensiva do Inter desde sua estreia, em abril do ano passado, o peruano ainda carrega um incômodo retrospecto diante do rival. O centroavante passou em branco nas quatro vezes que encarou o Grêmio vestindo a camisa colorada e tentará quebrar esta escrita no primeiro duelo válido pela Libertadores para colocar seu nome na história do clássico.
Guerrero chega ao Gre-Nal das Américas em alta. O peruano foi decisivo contra o Tolima ao fazer o gol que garantiu o Inter na fase de grupos da Libertadores. Na primeira rodada do Grupo E, balançou as redes duas vezes e ainda deu assistência para Marcos Guilherme completar a goleada de 3 a 0 sobre a Universidad Católica.
Marcado na história do Inter por ter obtido sucesso em Gre-Nais, o ex-centroavante Christian ressalta, no entanto, que fazer gols no clássico é fundamental para que qualquer jogador de ataque se consolide como ídolo da torcida.
— O Gre-Nal é um jogo peculiar. Fazer gols sempre é importante, mas o que realmente marca um centroavante aqui no Rio Grande do Sul é ser decisivo no Gre-Nal. É preciso dar resposta no clássico para ficar marcado — ressalta Christian, que fez quatro gols em Gre-Nais vestindo a camisa do Inter.
No ano passado, Guerrero sofreu com a postura defensiva do Inter em alguns grandes jogos, incluindo os clássicos — no Gre-Nal válido pelo segundo turno do Brasileirão, por exemplo, o time terminou a partida sem conseguir chutar nenhuma bola no gol gremista. Nas finais do Gauchão, o peruano teve quatro finalizações, duas em cada jogo.
A forma mais ofensiva do Inter com Eduardo Coudet é vista como um fator favorável ao peruano. No primeiro Gre-Nal da temporada, apesar de novamente ter passado em branco, Guerrero finalizou quatro vezes — o total que obteve nos três clássicos que disputou em 2019.
— O esquema do Coudet é montado em cima do centroavante. Armou a equipe pensando no Guerrero. Os companheiros fazem as jogadas sabendo que tem a referência dele. É um sistema ajustado para usar o camisa 9 — analisa Christian.
Histórico recente do Inter é negativo
A marca negativa de Guerrero em Gre-Nais também é reflexo do momento do Inter. O Colorado não vence o Grêmio desde setembro de 2018, quando fez 1 a 0 no Beira-Rio, com gols de Edenilson. Na Arena, a última e única vitória foi obtida em 2014, quando Rafael Moura marcou dois gols no triunfo de 2 a 1, de virada, na partida de ida da final do Gauchão. O Colorado não faz gol na casa do rival desde 2017, um empate de 2 a 2 válido pela fase classificatória do Estadual.
Quem tem a experiência de quebrar retrospectos negativos em clássicos diz que Guerrero e o restante dos jogadores do Inter precisam deixar de lado essas marcas. Herói do Gre-Nal do século, em 1989, Nilson mostra confiança para o jogo de quinta-feira (12) e ressalta que o peruano precisa entrar em campo sem pensar nos confrontos anteriores contra o rival.
— O Guerrero tem de entrar em campo tranquilo. Não adianta você se pressionar pensando que tem de fazer o gol. Se entrar relaxado, o gol vai sair naturalmente pela qualidade que ele tem. É um dos melhores centroavantes do país — observa.
Nilson recorda que em 1989 o Inter também vinha de um longo retrospecto negativo contra o Grêmio:
— O momento era do Grêmio. O Inter estava há 12 Gre-Nais sem ganhar, mas nem pensei nisso. Entrava em campo e não pensava em tabu, em torcida, em nada. Ganhamos e ninguém falou mais no retrospecto — recorda o ex-camisa 9.
Com a mesma camisa 9 vestida por Christian e Nilson, Guerrero pisará no gramado da Arena tentando fazer história no Gre-Nal 424, que será sempre lembrado como o primeiro válido pela Libertadores.