Para vencer o Tolima e avançar à fase de grupos da Libertadores, o Inter vai precisar ajeitar uma engrenagem fundamental para o esquema que Eduardo Coudet tenta implantar no Beira-Rio. Os laterais, principais escapes tanto para o começo das jogadas quanto para a recuperação de bola, ainda não deram a resposta que o time necessita. Nem Rodinei nem Moisés foram decisivos nas partidas disputadas em 2020.
Contratados no começo da temporada, os dois jogadores têm semelhanças, ainda que atuem em lados opostos no campo. Ambos são fisicamente fortes e vigorosos para fazer os movimentos de subida ao ataque, pressão após a perda de bola e recomposição em caso de escapada do adversário. Mas, tecnicamente, têm produzido pouco.
Os números provam: somados, Moisés e Rodinei acertaram apenas 10 dos 42 cruzamentos que realizaram. A estatística leva em conta as bolas que encontraram algum jogador do Inter na área adversária. Ou seja, 32 tentativas foram cortadas pela defesa ou passaram sem que qualquer colorado completasse.
No modelo de jogo apresentado até agora, o time exige que os laterais estendam o campo após o primeiro passe, já que Musto recua entre os zagueiros, que abrem uma segunda linha e têm a missão de se juntar ao ataque, como opção de passe pelos lados. Lá na frente, se o time perde a bola, o objetivo é pressionar o adversário para recuperá-la o mais ofensivamente possível.
— O sistema do Inter dá amplitude do campo pelos laterais, e não pelos extremas. A característica da formação de Coudet exige um jogador que fique na linha lateral. Só que quando a bola chega, não tem aproximação, estão longe, e Moisés e Rodinei ficam isolados — argumenta o ex-lateral e zagueiro Vinícius, que atuou no Inter entre os anos 1990 e 2000.
Os problemas de acabamento nas jogadas não são propriamente surpresa. Nem Rodinei nem Moisés vêm de um 2019 de alto nível. O lateral-direito nunca conseguiu se fixar no Flamengo, nem mesmo antes da chegada de Rafinha, sendo, às vezes, preterido por Pará. O esquerdo era titular no Bahia, mas muito porque não havia muito mais opções (tanto que o clube buscou Juninho Capixaba, reserva no Grêmio).
— Moisés era irregular. Ele tem potencial físico, marca bem, chega na frente, mas não tem tanta técnica de cruzamento, faz melhor as jogadas de linha de fundo e passando para trás. Mas era esforçado, cumpria taticamente, gostava do futebol dele. Eventualmente acertava chutes de longe, mas não é muito ofensivo. Para completar, acabou pressionado e vaiado aqui no Bahia — recorda o editor de esportes do Jornal A Tarde, de Salvador, Daniel Dorea.
A curiosidade é que Moisés foi um dos destaques apontados pelos jornais colombianos na semana passada. Ele dividiu manchetes com D'Alessandro e Guerrero ao ser dúvida para a partida (acabou não jogando e dando lugar a Uendel). Voltou aos treinos com bola ontem e deve ser confirmado entre os titulares.
— Moisés está voltando, tinha uma lesão, ainda não sei quais as reais condições. É um jogador de chegada à linha de fundo, de força, Uendel é mais passador, construtor. Para nós, a mecânica não muda, tentamos aproveitar da melhor maneira — diz o volante Edenilson.
Pelo outro lado, a tendência é de manter Rodinei. Seu reserva, Heitor, jogou pelo Gauchão, e até fez um gol, contra o Novo Hamburgo. Apesar disso, é um atleta jovem, de 19 anos, e que, também pela pouca idade, oscila em suas atuações. Mas provavelmente receberá mais chances ao longo desta temporada.
Moisés
- 5 jogos
- 6 cruzamentos certos
- 20 cruzamentos errados
- 273 passes certos
- 12 passes errados
- 4 passes para finalização
- 1 cartão amarelo
- 11 desarmes
Rodinei
- 6 jogos
- 4 cruzamentos certos
- 12 cruzamentos errados
- 277 passes certos
- 12 passes errados
- 4 passes para finalização
- 6 desarmes