Às vésperas de mais um Campeonato Estadual, GaúchaZH preparou uma série de matérias intitulada Raízes do Gauchão. O objetivo é relembrar o surgimento de craques que, antes de virarem ídolos e estrelas mundiais, desfilaram seu talento pelos gramados do Rio Grande do Sul.
Os torcedores colorados que compareceram ao Complexo Esportivo da Ulbra, em Canoas, no dia 17 de fevereiro de 2013 não sabiam, mas presenciavam o surgimento de uma estrela mundial. Foi em um empate em 1 a 1 com o Cruzeiro-RS, pela oitava rodada do primeiro turno do Gauchão, que o goleiro Alisson fez sua estreia pelo Inter com apenas 20 anos.
— O Inter estava acumulando um número de jogos muito grande e precisávamos rodar um pouco a equipe. Aí, o Alisson jogou esta partida e mostrou muita segurança e um potencial muito grande. Foi um jogo à tarde, muito quente, mas foi muito bom para ele e para a equipe— recorda Rogério Maia, preparador de goleiros da seleção olímpica e que compunha a comissão técnica de Dunga naquela temporada.
Alisson, no entanto, não estreou com vitória. Mesmo tendo saído à frente do placar com Leandro Damião, o Colorado sofreu o empate. Não por culpa disso, o atual camisa 1 da Seleção Brasileira voltaria à reserva do irmão Muriel. A titularidade só seria assumida em meio a 2014, quando desbancou o experiente Dida. Dali por diante, mesmo com a troca constante de treinadores, foi o dono da posição.
— O Muriel tinha feito uma temporada muito boa no ano anterior, com o Dorival Júnior, e o Alisson ainda estava surgindo da base. No ano seguinte é que ele teve aquela sequência, com o Abel Braga, para não sair mais da equipe. Mas o ano de 2013 foi importante para ele começar a participar do grupo, jogar alguns jogos do Gauchão, Copa do Brasil e Brasileirão, e perder o vínculo com a base — analisa Maia.
Curiosamente, foi também em um Gauchão que Alisson se despediu do Inter. Depois de ajudar o Inter a vencer o Juventude na final, o goleiro — eleito capitão por Argel Fucks — ergueu a taça de campeão de 2016. Após a festa, o jovem atleta voltou ao gramado do Beira-Rio e, emocionado, sentou-se ao lado da trave para se despedir do lugar que o lançou para o futebol. Mal sabia ele que muitas alegrias ainda estavam por vir, saindo da Roma para o Liverpool — como conquistar a Liga dos Campeões, o Mundial de Clubes e ser escolhido o melhor goleiro do planeta em 2019.
— Ele sempre foi muito elogiado. Do analista de desempenho ao preparador de goleiros, todos o elogiavam muito. O Inter sempre teve uma escola que formou grandes goleiros, como Taffarel, Gilmar, André. Todos imaginavam que o Alisson seria um grande goleiro, mas melhor do mundo, não tinha como prever — comenta Maia, especialista na função.