Às vésperas de mais um Campeonato Estadual, GaúchaZH preparou uma série de matérias intitulada Raízes do Gauchão. O objetivo é relembrar o surgimento de craques que, antes de virarem ídolos e estrelas mundiais, desfilaram seu talento pelos gramados do Rio Grande do Sul.
Depois de quase ser rebaixado à Série B do Brasileirão, o Inter resolveu abrir a temporada de 2003 apostando em jogadores das categorias de base. Assim, no dia 15 de março, pela sexta rodada do Gauchão, o técnico Muricy Ramalho lançou jovens, como os irmãos gêmeos Diego e Diogo, além de um atacante menos badalado, mas que roubou a cena: Nilmar.
Rápido e habilidoso, o atacante não chegou a balançar as redes, mas ajudou o time colorado a infernizar a defesa do Juventude e abrir 3 a 0 no Beira-Rio. No segundo gol, convertido pelo paraguaio Gavilán, foi ele quem sofreu o pênalti ao entrar na área caxiense aos dribles.
— Ele me contou que o Muricy foi assistir aos Gre-Nais da final dos juniores, e ele entrou bem. Então, acabou sendo puxado para a pré-temporada em Bento Gonçalves. O clube atravessava um momento de resgate e de recomeço, tinha ficado pouca gente do grupo anterior, como o Clemer. Então, subiu ele, o Sidmar, Daniel Carvalho, Diego e Diogo. O pessoal até falava que nós éramos os tios deles — conta o ex-zagueiro Fernando Cardozo, autor do primeiro gol daquela tarde.
Depois da correria do primeiro tempo, os meninos foram cansando, e o time da Serra conseguiu empatar o jogo em 3 a 3. Porém, a semente estava plantada. No decorrer do campeonato, Nilmar se tornou titular da equipe e marcou um dos gols no jogo de abertura da final, vencido pelo Inter por 2 a 0, contra o 15 de Novembro, em Campo Bom.
— A ascensão dele foi muito rápida, do mesmo jeito que ele era rápido. Botava a "caneta fina" na frente e ninguém pegava mais. A gente via que era um guri diferente. Custa-se a achar alguém assim de novo — analisa Cardozo.
Prova disso é que 17 anos depois, mesmo aposentado, Nilmar segue povoando o imaginário colorado. Ele ainda voltaria ao Beira-Rio outras duas vezes, além de ter passado por França, Espanha, Catar, defendido a Seleção Brasileira e até disputado uma Copa do Mundo. Mas a memória do torcedor, claro, remete às arrancadas do ídolo — como a contra o Corinthians, na abertura do Brasileirão de 2009 — ou aos gols decisivos — como o do título da Copa Sul-Americana de 2008.