O Inter foi buscar Eduardo Coudet no Racing por um único motivo: mudar a cara do time, tornando-o agressivo e ofensivo. Assim, a primeira formação brasileira de Coudet se avizinha. Após a primeira semana de treinos físicos, o técnico argentino está prestes a mostrar o seu time para a estreia do Gauchão, no dia 23, contra o Juventude, em Caxias do Sul, e no dia 4, na abertura do mata-mata da pré-Libertadores, possivelmente diante da Universidad de Chile — o Unión Española, até agora, se recusa a jogar com a La U para definir quem será o representante chileno.
Com o elenco que tem à disposição, Coudet passará a colocar os jogadores que lhe deram no seu sistema de preferência, o 4-1-3-2. Foi assim que levou o Rosario Central quase às finais da Libertadores de 2016 e que fez do Racing o campeão argentino de 2018/2019. É assim também que tentará recolocar o Inter no caminho dos títulos. Ainda que Coudet não tenha mostrado um time titular, é possível se prever que D'Alessandro (o elo de Coudet com o vestiário) será opção para o segundo tempo dos jogos.
No meio-campo, Eduardo Coudet exige intensidade do seu quarteto. O primeiro volante deve, além de marcar, ter capacidade de armação com bom passe — e, muitas vezes, fazendo lançamentos longos. Na linha de três jogadores do setor, os meias "de lado" devem fazer diagonais para compensar a ausência dos extremos. Eles é quem se aproximam dos laterais para buscar as tabelas e as triangulações com as chegadas aos atacantes.
Coudet não abre mão de jogar com pelo menos um armador. Esse meia, porém, não deixará de ter funções defensivas quando a equipe estiver sem a bola. Ou seja: usar D'Alessandro dessa maneira desde o começo do jogo poderá limitar o camisa 10 ao longo do ano. Assim, Nonato ou o recém-chegado Thiago Galhardo surge como opção de titular. No Ceará, Galhardo, atuando como meio-campo, sempre chegou com facilidade à área (uma espécie de Edenilson do Castelão), e é possível que atue assim também no Inter, revezando com Marcos Guilherme pela direita.
— Todos devem correr. O "enganche" também precisa correr igual aos outros três meio-campistas. Se eu peço que ele faça sombra ao adversário? Não, não tem de fazer sombra, deve marcar e roubar a bola — comentou Coudet, em entrevista ao jornal argentino La Nación, explicando como gosta de seu meio-campo.
Em seu sistema de jogo, o treinador cobra que os atacantes partam de um posicionamento junto aos zagueiros adversários, a fim de gerar profundidade. Em muitos momentos, porém, eles devem recuar para fazer a combinação das jogadas, dando espaço para as entradas dos meias e dos laterais. Coudet aproveita muito as jogadas forçando o pivô do centroavante, algo que Paolo Guerrero costuma fazer muito bem.
Todos devem correr. O "enganche" também precisa correr igual aos outros três meio-campistas. Se eu peço que ele faça sombra ao adversário? Não, não tem de fazer sombra, deve marcar e roubar a bola"
EDUARDO COUDET
Técnico do Inter
— Não há dúvida na defesa — entende o comentarista dos canais Sportv Sérgio Xavier. — Em Musto, também não. Tem tudo para ser o cão de guarda da zaga. O que resta é daí para a frente: independente do esquema tático, ele não vai abrir mão de um meio-campo móvel. Edenilson e Nonato, para começar, me parece algo interessante. Guerrero no ataque e, depois, o jogador mais rápido do elenco: Marcos Guilherme. D'Alessandro na reserva, será um cara importante para Coudet, mas não vai ser o cara do time-base. Lindoso será o cara para entrar no lugar de Musto e de Edenilson. E Galhardo, que é pau para toda obra. Pode disputar posição com Marcos Guilherme e, eventualmente, no lugar até do Guerrero, quando convocado para a seleção peruana — aposta Xavier.
O sistema defensivo do Inter de Coudet será de pressão assim que o time perder a bola. Ele cobra que seus jogadores busquem a retomada já no campo de ataque. É comum ver os atacantes e meias aparecerem com alto número de desarmes nas partidas.
Para fazer essa pressão, Coudet exige que sua defesa jogue com linha alta. É uma forma de manter o time compactado, tanto para defender quanto para atacar após recuperar a bola.
— Me parece que o sistema defensivo está estabelecido. Musto, Edenilson e Patrick são jogadores ao gosto de Coudet. Do meio para a frente, deverá haver disputas em duas funções: uma no meio, outra no ataque. D'Alessandro, Thiago Galhardo e Nonato disputam uma vaga, bem como Pottker e Marcos Guilherme — acredita o comentarista do DAZN e analista de desempenho, Gustavo Fogaça. — Mas aposto que D'Alessandro será jogador de estratégia: para jogos ou muito fáceis ou muito decisivos. E olho em Zé Aldo e em Peglow. Apesar do Coudet não dar muitas oportunidades aos mais novos, acredito que eles aparecerão bem quando chamados, e vão botar a pulga na orelha do argentino — finaliza Fogaça.
O primeiro Inter de Eduardo Coudet está por nascer. E, nas próximas semanas, já terá pela frente as suas primeira decisões.
As (possíveis) disputas no primeiro Inter de Coudet
No gol e na zaga
Não há disputas. Marcelo Lomba, Rodrigo Moledo e Víctor Cuesta são titulares.
Nas laterais
Na direita, Rodinei foi contratado para ser titular. Heitor corre por fora.
Na esquerda, Moisés foi buscado no Bahia para ser o dono da função. Uendel segue como opção, assim como Natanael.
No meio-campo
Primeiro volante
Musto é um pedido pessoal de Coudet. É seu jogador de confiança. Lindoso fica em segundo plano. Dourado, quando puder jogar outra vez, brigará por vaga.
Pela esquerda
Patrick deverá manter a condição de titular, ainda que Nonato (e até Lindoso, que foi o camisa 10 do Madureira, em começo de carreira) sempre seja opção.
Pela direita
A disputa pode ser mais ampla, com D'Alessandro, Nonato e Thiago Galhardo disputando a posição.
No ataque
Paolo Guerrero é indiscutível, a questão é saber quem será o atacante de lado. Pottker é boa opção, mas as frequentes lesões acabam com chances de sequência. Assim, Thiago Galhardo e Marcos Guilherme podem brigar por vaga, com Wellington Silva sendo alternativa.