Poderia ter sido uma vitória tranquila do Inter sobre o Cruzeiro, no Mineirão. Mas a cultura do recuo que se instalou entre os colorados nessa temporada fez com que a equipe de Odair Hellmann apenas empatasse em 1 a 1 diante de um time em grave crise, e que luta para não ser rebaixado. Mesmo com o gol marcado por Nonato, com apenas nove minutos de jogo, o Inter não teve forças para ampliar ou mesmo segurar o resultado. Para completar, um pênalti inexistente, marcado via VAR, fez com que o Cruzeiro empatasse. Na quarta-feira (9), já sem Paolo Guerrero, que se apresentará à seleção peruana, e sem Nonato, suspenso, o Inter enfrentará o CSA de Argel Fucks, em Maceió.
Como não poderia ser diferente, o pós-jogo colorado foi de muita reclamação contra a arbitragem e contra o seu chefe, o gaúcho Leonardo Gaciba. Tratando o caso como "VARgonha", o vice de futebol Roberto Melo voltou a criticar as revisões via vídeo, manteve a sua cruzada contra aquilo que considera erros a prejudicarem o clube, e disparou:
— Tenho certeza que nem ele (o árbitro Wagner do Nascimento Magalhães) sabe o que viu. É unânime no país todo. Vi as manifestações no Brasil todo e a palavra usada é vergonha, a mesma que usei após o pênalti não marcado em cima do Guerrero contra o Flamengo (pelo Brasileirão). A comissão de arbitragem dirigida pelo Gaciba é uma VARgonha.
O dirigente seguiu criticando o instituto do VAR à brasileira, e chegou a dizer que a tecnologia pode estar com os dias contados no país.
— O que leva um juiz, da cabine do VAR, não chamar o juiz no jogo contra o Flamengo no pênalti claro em cima do Guerrero? Hoje (sábado), nem os jogadores do Cruzeiro sabiam o que estava sendo revisado. O árbitro deu o pênalti porque na palestra que o Gaciba fez ele se vangloriou que o percentual é grande dos juízes confirmando os lances quando chamados. Tenho certeza de que os juízes vão pressionados para o vídeo. O árbitro foi constrangido ver o lance – protestou Melo. – O Inter foi um dos primeiros clubes a pedir o VAR. Fomos minorias em relação a isso. Depois, já no meio do campeonato, voltamos a pedir o VAR. Do jeito que as coisas estão acontecendo a gente está mudando de ideia e achando que o VAR vai acabar no futebol brasileiro. A ferramenta que deveria ajudar está sendo mal operada – afirmou o dirigente.
Melo também teceu fortes críticas aos comandados de Gaciba:
— Acho que é muita incompetência, não estou levantando nada contra a honestidade de ninguém. Mas, com toda a tecnologia, não sei como eles conseguem errar com tamanha gravidade.
A direção do Inter esteve recentemente na CBF se queixando pessoalmente do presidente da Comissão de Arbitragem, e teria ouvido dele a admissão de culpa no pênalti não marcado e sequer revisado pelo VAR, de Rodrigo Caio em Guerrero, no recente 3 a 1 do Flamengo sobre o Inter, pelo Brasileirão.
Ainda que tardiamente, o técnico Odair Hellmann começa a remoçar o time. Ele elogiou as atuações dos novatos Bruno Fuchs e Heitor, e destacou que Nonato sente fortes dores no púbis – e, ainda que não tenha dito, há risco de uma longa parada ou até mesmo de uma cirurgia.
— Fuchs vai para a seleção olímpica. Todos nós falávamos da capacidade técnica dele. É um zagueiro que constrói o jogo de trás, com passe e velocidade. Ele tinha que melhorar a marcação, o cabeceio e a intensidade. Teve evolução em todos os aspectos. Ele continua com a qualidade técnica, e vai cada vez mais aparecer, porque é um zagueiro diferente. Melhorou e evoluiu muito nos outros aspectos. Ele está maduro e preparado para fazer os jogos que tem feito — comentou Odair.
Sobre Nonato:
— Ele está há três meses sentindo um problema (púbis). Estamos administrando essa situação, porque ele se tornou um jogador importante depois que começou receber as primeiras oportunidades. Ele não está conseguindo treinar igual aos outros, porque tem sentido dor. Consegue resistir por um tempo pela sua qualidade técnica. Agora que ele levou o terceiro amarelo, vamos tentar dar uma recuperada para que ele continue à disposição – afirmou o treinador.
Questionado sobre a atuação da equipe no Mineirão, Odair respondeu:
— Fizemos um excelente jogo, em todos os aspectos. Se você joga em um nível de chances de gol, marcar o segundo desestabiliza o adversário. Merecíamos a vitória, mas não conseguimos 2 a 0. E eles conseguiram o empate. Se era pra ter um vencedor, seríamos nós. O importante foi que a equipe criou nove ou 10 chances na casa do adversário. Se continuarmos criando esse número de chances, com certeza entrará um número maior de gols nos próximos jogos.
Uma vitória sobre o CSA pode devolver o Inter à quinta colocação no Campeonato Brasileiro, que agora está com o São Paulo.