A surpreendente declaração de Tiago Nunes sobre a possibilidade de “pegar o boné” após a partida contra o Inter, na decisão da Copa do Brasil, surpreendeu mais pelo momento do que pela informação. O técnico mais longevo do século no Athletico-PR vive um desgaste físico, de saúde, mas também de alguns atritos com dirigentes do clube no qual trabalha há 445 dias, completados no domingo (15).
Informações de bastidores dão conta de que ele não tem a melhor das relações com o segundo vice-presidente, Marcio Lara, responsável pelo futebol, e do gerente Paulo André, ex-zagueiro. Publicamente, já houve conflitos.
O mais rumoroso deles ocorreu há pouco menos de um mês e envolveu a contratação do atacante uruguaio Juan Boselli. O jogador chegou emprestado do Defensor-URU por intermédio de Paulo André, que tinha como plano inicial aproveitá-lo na equipe principal. Tiago Nunes descartou:
— O Boselli não veio para jogar na equipe principal, foi uma oportunidade de negócio. Ele veio para ser reemprestado para outros times. Talvez seja um atleta que vá compor o nosso elenco no Paranaense. Não adianta a gente empilhar jogadores em um grupo que já tem 27 atletas.
A situação gerou mais um desgaste entre dirigentes e treinador. Apesar disso, Tiago Nunes tem amplo apoio do presidente do Conselho Deliberativo Mario Celso Petraglia, o manda-chuvas do Athletico-PR. Ter rejeitado o convite do Atlético-MG, há cinco meses, lhe deu pontos com o chefe.
Além do desgaste com dirigentes, Tiago Nunes também falou do acúmulo de função no clube. Na política atleticana, o treinador do time principal precisa manter contato constante com a base para que todos façam trabalhos parecidos. Além disso, o técnico pode opinar em questões logísticas, e há divergências, por exemplo, na viagem a Porto Alegre. Sem confirmar o horário de saída do voo fretado nem o hotel em que vai se hospedar na capital gaúcha, o Athletico-PR ainda não definiu o planejamento para a final.
Existe, também a questão do cansaço. Na entrevista coletiva deste domingo, citou o “calendário maluco” do futebol brasileiro, que obriga os treinadores a fazer tantos jogos e mencionou a necessidade de “cuidar da saúde”. A convivência familiar também pesa, tanto que parabenizou sua filha pelo aniversário, justamente dia da partida contra o Avaí, e avisou que iria aproveitar o resto do dia com ela.
Tiago Nunes está adaptado a Curitiba, elogia a cidade sempre. Mas parece estar próximo de pegar o caminho do aeroporto. E não é só para a final da Copa do Brasil.