A hegemonia do Inter sub-20 no Estado se tornou indiscutível nos últimos anos. Os números não deixam mentir. Das últimas cinco finais consecutivas no Campeonato Gaúcho da categoria, a equipe da base colorada conquistou quatro. É o maior vencedor do torneio com 14 títulos — o Grêmio é o segundo, com sete taças. E, entre os diversos destaques da campanha de 2019, um chama atenção por ser dono da braçadeira e de uma história peculiar: o meia-atacante norte-americano Johnny, de 17 anos.
Natural de Denville, pequena cidade do estado americano de Nova Jersey, João Lucas de Souza Cardoso, mais conhecido como Johnny, não curtiu por muito tempo os Estados Unidos. O meia mudou-se para Criciúma, em Santa Catarina, de onde seus pais são naturais, aos três meses de idade. Mas deixar seu país natal tão cedo, não significa esquecer suas raízes. A começar pelo apelido.
— Meu pai que começou me chamando assim. John é João em inglês, e Johnny é meio que o apelido lá. E foi assim que pegou aqui também — conta,sorridente.
De fala calma e lúcida, o garoto chama atenção por sua conversa bem articulada. Oriundo do futsal, Johnny relata que seu início no campo ocorreu um pouco tarde — se comparado a outros meninos. No entanto, não é novato no Inter. Com quase cinco anos no clube gaúcho, o jovem tem consciência de ser um privilegiado na base colorada.
— Com seis anos, comecei no futsal e me apaixonei pelo esporte. Iniciei no campo com 11 anos. Tive uma rápida passagem pelo Avaí, me destaquei e tive a oportunidade de jogar no Criciúma, que era onde eu morava com meus pais. Fiz bons anos lá, chamei atenção do Inter e, claro, que não pensei duas vezes em vir para cá. É uma honra vestir esse manto — revela.
A pouca idade já espanta. Aos 17 anos, disputa vaga no time com garotos um pouco mais velhos. Em seu primeiro ano no sub-20, conquistou a titularidade, a liderança do vestiário na Morada dos Quero-Queros e o cargo de definidor. No tricampeonato gaúcho do Inter foi o artilheiro do time de Fábio Matias com nove gols marcados. Balançando as redes, inclusive, nos dois jogos da final diante do São José. E tudo isso, atuando como volante.
— Ele vinha sendo utilizado como atacante, de beirada ou número 9. Iniciamos dessa forma com ele, mas aos poucos fomos detectando algumas coisas bem interessantes: controle de jogo, ações de retomada, pressão. Situações posicionais com características para meio-campo. E aí com a evolução do trabalho fui trazendo ele um pouco mais para trás, e no final do campeonato fizemos dele um camisa 5 (volante). Um médio defensivo com características ofensivas, e é onde a gente vê uma projeção boa para ele — analisa o comandante do time sub-20, Fábio Matias.
Me destaco pela minha técnica e imposição física
JOÃO LUCAS
Meia-atacante do Inter sub-20
O próprio Johnny não gosta muito de se definir dentro das quatro linhas, pelo menos por enquanto. Mas confessa não querer mexer em time que está ganhando e exalta o bom momento na posição:
— Eu cheguei no Inter como meia e acabei passando para atacante, onde me destaquei. Mas eu me considero um jogador bem polivalente. Me destaco pela minha técnica e imposição física. E, pelo momento que estou vivendo, acho que foi bem importante essa volta à minha posição.
Os pais de João Lucas, Graziela Puccini de Souza Cardoso e Sandro Henrique Cardoso, saíram do Brasil para trabalhar. Sandro tem uma empresa de exportação de porcelanato. Voltaram por conta da saudade da família. Mas o atleta ainda tem forte ligação com o país americano.
Johnny já voltou em duas oportunidades aos Estados Unidos, fala inglês e confessa ter recebido sondagens para fardar na seleção de base do país. Oportunidade que revela não querer deixar escapar, mesmo almejando vestir a camisa da Seleção Brasileira.
—Tive uma sondagem, mas não fui convocado. Se eu for, penso em ir sim. É uma oportunidade que atrai muita visibilidade, tanto no Brasil quanto fora — salienta o guri.
Quanto ao futuro, o jovem mantém os pés no chão. Sabe que precisa evoluir para conquistar seu espaço no Inter e vislumbrar voos maiores. Primeiro, o foco é em títulos na base.
— Claro que meu sonho é subir para o profissional, mas paciência. Estou em um bom momento na equipe sub-20, sou novo, é meu primeiro ano no júnior e quero ganhar títulos nacionais.
Ficha de João Lucas
Nome completo: João Lucas de Souza Cardoso
Apelido: Johnny
Idade: 17 anos
Data de Nascimento: 20/9/2001
Local de Nascimento: Denville, Nova Jersey-EUA
Altura: 1m84cm
Posição: volante ou meia-atacante