Mesmo tendo sido destaque na intertemporada em Atibaia-SP, marcando gols bonitos e mostrando boa movimentação, o centroavante Santiago Tréllez sequer viajou com a delegação do Inter para enfrentar o Palmeiras pela Copa do Brasil. O fato de ter ficado em Porto Alegre, porém, tem uma explicação que passa longe do campo.
Em competições organizadas pela CBF, como Brasileirão e Copa do Brasil, cada clube só pode listar cinco estrangeiros por partida, seja para começar jogando ou ficar no banco (para contratar, não há limite). No grupo colorado, o atacante colombiano de 29 anos vem, na teoria, atrás de Cuesta, Nico, D'Alessandro, Guerrero e Sarrafiore.
Ou seja: em competições nacionais, só deverá concentrar quando um destes não estiver à disposição ou for preterido por Odair Hellmann. Na Libertadores, não há limite para escalar jogadores nascidos em país diferente do de seu clube.
Mesmo diante da restrição, o Inter não abriu mão do atleta, que tem contrato até dezembro. Vasco e o Botafogo foram dois dos clubes interessados em contratar Tréllez neste ano. No entanto, a direção colorada resolveu permanecer com o jogador para o segundo semestre.
— O Tréllez é jogador do Inter até o fim do ano. Tivemos propostas para liberá-lo para outros clubes, mas achamos mais interessante a sua permanência — anunciou o diretor-executivo colorado, Rodrigo Caetano, em meio às atividades em Atibaia.
Contratado no início do ano por empréstimo junto ao São Paulo, tem números ruins para um atacante: nove jogos (todos pelo Gauchão) e nenhum gol. Na Libertadores, ficou no banco de reservas apenas nas três primeiras rodadas. Por Brasileirão e Copa do Brasil, sequer foi suplente até agora.
Atualmente, no futebol brasileiro, somente o Santos, de Jorge Sampaoli, tem mais estrangeiros do que o Inter: Felipe Aguilar e Uribe (colombianos), Carlos Sánchez (uruguaio), Cueva (peruano), Bryan Ruiz (costarriquenho), Soteldo (venezuelano) e Derlis González (paraguaio).
Não é de hoje que o torcedor colorado convive com gringos. Desde o chileno Figueroa, passando pelo colombiano Vargas, o Inter contou com, no mínimo, um atleta de fora do país em suas grandes conquistas. De uns tempos para cá, no entanto, este número aumentou, muitas vezes extrapolando o limite imposto pela CBF. A primeira vez que isso aconteceu foi em 2008, quando apenas três estrangeiros eram permitidos e o clube iniciou o ano com quatro (Bustos, Orozco, Sorondo e Guiñazu).
— Joguei um ano e meio em Porto Alegre e éramos quatro estrangeiros. Sabia que havia este limite, mas lembro que o Sorondo esteve muito tempo machucado e, por isso, não me prejudicava. Na época do Abel Braga, sempre fui titular. Depois chegou o Tite, o clube se reforçou mais, trouxe o Bolívar de volta, o Álvaro, que estava na Espanha, e chegou o D'Alessandro. Mas isso nos últimos cinco meses. É um tema complicado - explica o ex-zagueiro Orozco, 40 anos.
Também colombiano, comentou a situação do Tréllez:
— Ele é um bom jogador, de muito sacrifício, sempre muito generoso com seus companheiros. Ele passa por um momento difícil, mas tem uma cabeça forte e, seguramente, vai superar isso — conclui o ex-defensor, que atualmente trabalha nas categorias de base do clube Envigado, da Colômbia.
Tréllez em 2019
Jogos: 9
Como titular: 4
Minutos: 411
Gols: 0
Confira os clubes brasileiros com o maior número de estrangeiros
Santos — sete estrangeiros
Felipe Aguilar e Uribe (colombianos)
Carlos Sánchez (uruguaio)
Cueva (peruano)
Bryan Ruiz (costarriquenho)
Soteldo (venezuelano)
Derlis González (paraguaio)
Inter — seis estrangeiros
Cuesta, D'Alessandro e Sarrafiore (argentinos)
Nico López (uruguaio)
Guerrero (peruano)
Tréllez (colombiano)
Atlético-MG — seis estrangeiros
Lucas Hernández e Terans (uruguaios)
Ramón Martínez (paraguaio)
Cazares (equatoriano)
Otero (venezuelano)
Chará (colombiano)
Flamengo — cinco estrangeiros
Cuéllar e Berrío (colombianos)
Trauco (peruano)
Piris da Motta (paraguaio)
Arrascaeta (uruguaio)